Fico sempre com o segundo grupo

Quando ainda estava na faculdade de comunicação virei para os professores que lecionavam televisão e deixei claro: “Farei o curso para cumprir tabela e não ser reprovado. Não tenho o menor interesse em fazer TV”.

Nada como o tempo para nos contradizer. E contradizer de uma forma pragmática. Passados alguns anos cá estou eu, às voltas com um programa semanal de entrevistas na televisão e apresentação de um debate de candidatos a prefeito nas eleições municipais de 2012.

Fazer TV é uma das atividades mais complexas da comunicação. Foge do real e tem muita mise-en-scéne. E isto não é para mim. Gosto mais do real sem encenações.

Atendi ao convite do Waldecy Castro, a quem agradeço pela confiança, mas já informei ao prezado diretor que, passado o último debate da série programada de seis, ficaremos apenas com o programa semanal.

O mais chato é a vaidade que envolve o ato de aparecer na TV. Para muitas pessoas é uma realização, comparável às colunas sociais dos jornais do interior. Para outras, é apenas mais um trabalho pelo qual se recebe uma compensação financeira razoável. Fico neste segundo grupo.

E figo longe do grupo que chega e diz: “Você estava bem na tela”. Destes não se pode esperar avaliação de conteúdo algum. Estão ligados na estética, apenas.

Fico novamente com o segundo grupo que sugere correções, discute conteúdo e faz indagações ou chega a conclusões a partir do que foi apresentado. Sou muito grato a esses que permitem que evoluamos. Não quero saber se minha gravata estava fora do lugar, mas busco imensamente saber o que o espectador compreendeu do que saiu no ar.

E há um terceiro grupo, do qual se é possível apenas rir. É o grupo dos que juram que entendem do riscado e que fariam melhor, mas sobre o qual não quero perder o tempo para discorrer opiniões. Tenho mais o que fazer.


Foto: Wôlmer Ezequiel / Diário do Aço - Debate com os candidatos a prefeito em Ipaba, MG