Havana é aqui !


Havana: repórter na rua, só com assessores do governo. Chegaremos a tanto?

Há alguns anos, quando fui a um rápido estágio na sede da Rádio Itatiaia, em Belo Horizonte, conversei longamente com o repórter Eduardo Costa sobre sua viagem a Cuba.


Uma escada sombria na lateral do prédio na Rua Itatiaia, no Bomfim, leva a um restaurante na área interna da emissora, onde os funcionários almoçam ou lancham.


Não raro chefes e subordinados dividem o mesmo espaço. Aliás, entre novatos e veteranos, todos entendem a boa oportunidade para a troca de idéias naquele lugar.


Mas na conversa com o Costa, ele relatou o que já vimos em produções como Buena Vista Social Club: A capital cubana, Havana, é um lugar bonito, porém abandonado às traças, devorado pela ferrugem provocada pela maresia e carcomida pelos anos de embargo econômico.


Mas o que o colega jornalista mais relatou foi a obsessiva tentativa do governo cubano em controlar a informação. “Só podia sair às ruas acompanhado de um assessor”, contou-me.


Já naquele tempo o governo não detinha a hegemonia da comunicação, pois nunca faltou quem captasse rádios e TVs estadunidenses.


Agora, o que não falta é quem arrume um computador para conectar-se com o mundo globalizado e ficar “antenado” com o outro lado do golfo, onde fica a reluzente Miami, um misto de baranguice e granfineza.


Eduardo Costa foi a Cuba há uns seis anos, fazer uma série de reportagens, contar histórias, ouvir as pessoas, que é coisa que ele gosta de fazer. Parece que lá ele não conseguiu isso muito bem não, afinal, com a mediação de assessores, ou censores, fica mesmo difícil fazer bons relatos a partir da subjetividade humana, não é?


Pois nesta terça-feira que antecede o natal de 2009 cheguei a uma conclusão. Havana é aqui em Ipatinga e eu não sabia, ou se sabia, me recusava a acreditar.

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