Folga no tripalium

Estou de volta após breve período de férias. Breve porque essa "fadiga psíquica" a que nos acostumamos no trabalho faz acelerar o tempo. Até quando não estamos no exercício da profissão.

Jornalista não deixa de trabalhar quando está na folga. Diria até que jornalista que deixa de sê-lo nas folgas e férias não é jornalista.

Não é possível olhar o mundo em qualquer lugar sem ver as possibilidades narrativas, os fatos, o mau funcionamento do corpo social ou ainda, em uma perspectiva otimista, o seu bom funcionamento.

Lembro-me das aulas de Ciências Políticas e, em especial de um parágrafo: "A palavra trabalho possui em suas diversas origens, referências negativas como: tripalium (latina) que quer dizer castigo, labore (inglesa) referência direta a uma situação penosa e de fatiga. Segundo Spink (1992), com essas origens mal-assombradas, não parece estranho que se reconheça cada vez mais que o trabalho não é uma atividade necessariamente saudável e que sua chamada importância enobrecedora para a condição humana é algo pelo menos duvidoso e provavelmente muito mais ideológico do que antropológico em sua origem".

Nessa perspectiva, o profissional que vê no exercício da comunicação social apenas um trabalho, como qualquer outro, passa por uma angústia sem fim. Ha um ambiente organizacional propício a isso: ingerências dos poderes, tentativa de manipulação da opinião, remuneração aquém das perspectivas individuais, vaidades, soberbas e tantos outros. A conclusão, portanto, é que sobreviver no meio é um desafio a ser vencido a cada ano.

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