A grande senzala


Amplamente noticiado no Vale do Aço esta semana, o fim da tal “lista negra” da Usiminas foi recebido com alívio.


Estima-se que na lista existam 4 mil nomes de pessoas que jamais conseguiriam emprego na Usiminas.

A lista começou nos anos 60 para vetar a entrada na empresa de pessoas ligadas a movimentos sindicais, partidos políticos e organizações de esquerda.



A herança maldita dos anos da ditadura durou mesmo na Usiminas privatizada, cuja gestão foi mantida em um processo feudal, só agora encerrado com a chegada de novo dirigente da empresa e adoção de medidas ortodoxas na administração da siderúrgica.



Dos nomes iniciais na lista constam pioneiros, depois os filhos deles e, ainda, os seus netos. Certamente o nosso nome consta da lista dos ingratos, pois não foram poucos os embates em função de reportagens sob responsabilidade direta ou indireta, que denunciaram mazelas na empresa.



Um amigo escritor, de Ipatinga, prepara a publicação de um livro que promete não deixar morrer nunca o histórico de espionagem, controle e feudalismo da Usiminas.



Com o título “A Grande Senzala”, o livro apresenta uma narrativa da “Casa Grande”, de onde os “coronéis” controlavam toda região.



Há a narrativa sobre o “armazém” da Senzala (Consul), a “enfermaria”, (Hospital Márcio Cunha) “o paiol” (Sindipa), “os escravos e seus descendentes”, “os capatazes”, “os castigos impostos aos rebeldes”, “a mão de ferro, para manter o poderio feudal sobre as organizações públicas”, e ainda “as quermesses” e, lógico, os inhôs e inhás que faziam corte à “Casa Grande”.

O autor do livro em fase de elaboração também consta da tal “Lista Negra” e afirma: “Eu não ouvi dizer, eu participei de toda essa história”.

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