Apocalipse motorizado

Discutia com a colega Gizelle, dia desses, a pauta para a produção de reportagem sobre os pedestres, tratados como se fossem invisíveis nas ruas de Ipatinga.

Não fazemos ideia de como as auto escolas, ou centros de formação tratam o assunto "pedestre" nas suas aulas.

Lembro-me que há uns 18 anos, quando fui estudar legislação de trânsito, a minha instrutra, Ana Maria, falava horas a fio sobre a defensividade ao volante em relação ao pedestre.

Nao sei se o assunto merece tal atenção nos dias atuais, porque pelo que a gente percebe e a reportagem produzida pela Gizelle mostra isso muito bem, a maioria dos motoristas ao comando do volante parece ganhar olhar seletista que exclui o pedestre de sua realidade.

Mesmo sobre uma faixa de travessia, quem está a pé tem que correr para não ser atropelado. Preferência na travessia, como estabelece a legislação de trânsito? Nem pensar. O dirieto virou uma peça de ficção.  

Em alguns lugares autoridades mais atentas a esse fato decidiram cumprir a dura lei, ao colocar agentes de trânsito para multar o motorista, na expectativa de mudar o seu olhar. Pena que a visibilidade da vida tenha que ser retomada pelo viés punitivo e determinista da multa. A vida então só é respeitada diante de um preço?

Também é muito claro que os pedestres igualmente precisam mudar o seu comportamento, até mesmo para assegurar o direito de reivindicar o cumprimento de seus direitos, pois muitos preferem arriscar a vida ao usar passarelas, passagens subterrâneas e as faixas de pedestres.
Enquanto isso, por Ipatinga e tantas outras cidades, enquanto a multa não vem segue o apocalipse motorizado.  

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