Feriado furibundo


Uma enquete (breve entrevista jornalística, sem base científica e com atores escolhidos aleatoriamente em determinado lugar), publicada pelo jornal onde trabalho, nesta quarta-feira, mostra que a maioria dos entrevistados não sabe quem foi Joaquim José da Silva Xavier, o alferes (sargento) Tiradentes, mártir da Inconfidência Mineira.

Esse movimento revolucionário baseado nos ideais de igualdade, liberdade e fraternidade, originários do pensamento filosófico europeu do século XVI foi de grande importância para o Brasil. Apesar do feito histórico, o povo nas ruas ignora solenemente o herói Tirandentes.

Entre os articuladores desse movimento, destacam-se os padres Carlos Correia de Toledo e Melo, José da Silva e Oliveira Rolim e Manuel Rodrigues da Costa, o tenente-coronel Francisco de Paula Freire de Andrade, comandante dos Dragões, os coronéis Domingos de Abreu Vieira e Joaquim José dos Reis (um dos delatores do movimento), os poetas Cláudio Manuel da Costa, Inácio José de Alvarenga Peixoto e Tomás Antônio Gonzaga, ex-ouvidor.

Os inconfidente planejavam estabelecer um governo republicano independente de Portugal, criar manufaturas no país que surgiria, uma universidade em Vila Rica e fazer de São João del-Rei a capital. Poderiam ter mudado os rumos da história do Brasil se tivessem conseguido levar o movimento elitista à frente.

Seu primeiro presidente seria, durante três anos, Tomás Antônio Gonzaga. Depois haveria eleições. Nessa república não haveria exército – em vez disso, toda a população deveria usar armas, e formar uma milícia quando necessária. Há que se ressaltar que os inconfidentes visavam a autonomia somente da província das Minas Gerais, e em seus planos não estava prevista a libertação dos escravos africanos, apenas daqueles nascidos no Brasil.

Tiradentes ouve sentença de morte por enforcamento - Reprodução de óleo sobre tela de Leopoldino Faria

Os bocas-abertas - Literamente no mundo da lua

O povo desconhecer fatos históricos dessa natureza, não sei se é culpa da escola, que não ensina como deveria, ou se resulta do surto de burrice que parece atacar a massa, burrice essa patrocinada por indigitados como o jornalista Pedro Bial, o "fessô bial", do show de horrores chamado BBB - "A ode aos energúmenos". Nunca antes na história desse país e do mundo a cultura foi tão baixa, diria o nosso magnânimo Molusco.

Vejam que o elemento Bial considera "heróis" os sem-ter-o-que-fazer desse tal de "show de realidade" empurrado como refinada produção televisiva goela abaixo de milhares de brasileiros, otários que ainda pagam para isso acontecer com ligações para o 0800 - disque trouxa.

Então, não é dificil entender porque a blebe ignara não conhece Tiradentes e ignore solenemente o que seja a Inconfidência Mineira.

Certamente os intelectuais da Escola de Frankfurt teriam um surto, um ataque psicótico, se vivo estivessem e testemunhassem a concretização de suas previsões, que a televisão e os meios eletrônicos de comunicação entorpeceriam a massa e a levariam ao fundo do poço.

Ainda bem que não me encontro com o Bial, senão dava-lhe um tapa na fuça para ele deixar de ser viado. Essa vontade cresceu dentro de mim principalmente depois de saber que em entrevista à Preta Gil (sic) o jornalista, que já cobriu a queda do Muro de Berlim nos anos 80, dise que guarda a calcinha de uma desmiolada do bbb, peça que ele conseguiu sabe-se lá de que forma, como se fosse um pedaço do muro. Raios o partam.

Mas enfim, na era do louvor aos energúmenos não é de se estranhar mesmo que figuras como a de Tiradentes, San Martín, Bolívar e Emilio Zapata caiam no ostracismo e, em seu lugar, sejam reconhecidos produtos que são verdadeiros abortos culturais jogados para a massa dia e noite.

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