Pão de queijo, política e o povo

Um homem, visivelmente um sexagenário, olhava por cima dos óculos pendurados à metade do talo do nariz, incrédulo, um carro de propaganda volante nas ruas de Ipatinga. "Vote X, a solução", gritava a gravação às 08h10 deste sábado, feriado de 1º de maio. Quem eventualmente quis ficar na cama até mais tarde que se lascasse. 

Pois da porta da padaria, a segurar em uma mão uma sacola com leite e na outra uma meia dúzia ou menos de pães de sal, o homem parecia recusar-se acreditar que está de volta a propaganda politica nas ruas. Aos berros, propaganda política tenta convencer os eleitores a retornarem às urnas, na eleição extemporânea. O pleito deverá resolver uma sequência de trapalhadas iniciada na eleição de 2008, quando um candidato foi impugnado, seu substituto foi cassado e seguiu-se uma novela de difícil compreensão pela maioria da população. 

Enquanto aguardo o troco que a moça do caixa só consegue dar depois de descobrir na calculadora que da nota de R$ 5 que dei para pagar R$ 3,40 ela deveria me voltar R$ 1,60, ouço o idoso perguntar mineiramente apontando com o queixo: "De novo?". Eu, já com o troco na mão, respondi apenas: "É".

O aposentado seguiu rua afora por um lado e eu fui por outro. O pão quente não podia esperar uma conversa animada sobre o imbróglio político que parece caminhar para o fim.
O autêntico pão de queijo mineiro

Comentários