Boquirrotos à solta

Fazia a tradicional rádio escuta na manhã de sexta-feira, quando entre uma emissora e outra ouço um trecho de comentário do jornalista ex-assessor da ditadura militar, Alexandre Garcia, reproduzido no Vale do Aço pela Vanguarda AM, de Ipatinga.
 
O jornalista sexagenário vociferava contra a decisão da comissão especial da Câmara dos Deputados, que na quarta-feira aprovou a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) que acrescenta parágrafo ao Artigo 220 da Constituição Federal, tornando obrigatória a formação em curso superior para o exercício da profissão de jornalista. Quem solicitou registro de jornalista antes da entrada em vigor da PEC, que ainda precisa de mais duas votações, vai continuar na atividade, normalmente.
 
O gaúcho Alexandre, que se vangloria de ter sido professor de comunicação até no exterior alega que o jornalista precisa é talento e não de diploma. Ele nada mais faz do que reproduzir a linha de pensamento da empresa que o emprega,a Rede Globo.
 
É verdade que nos tempos de hoje há jornalista que chega às redações com diploma pendurado no peito, mas incapaz de saber sequer a cor do cavalo branco do Zé da Égua, mas em pleno século XXI, em que até para ser soldado raso na PM agora exige-se formação superior, ser contra a exigência da formação acadêmica, seja de que área for, é fechar os olhos para uma realidade gritante. Para o exercício de uma atividade ligada a uma ciência complexa como a comunicação, pior ainda.

Os avanços tecnológicos dos meios, as mudanças sociais repentinas, os novos conceitos que delas resultam e as quebras de paradigmas até então solidificados pela repetição de regras, exige do jornalista do século XXI conhecimento das ciências da comunicação. E isso não se consegue por aí, no bar da esquina.
 
Talvez ter jornalistas menos críticos, incapazes de argumentar com os poderes manipuladores da fé pública e capazes de acompanhar a evolução do seu tempo, interesse como sempre foi, àqueles que insistem em se perpetuar na enganação. Jornalista crítico incomoda muita gente e isso não interessa ao status quo.

Comentários

  1. Talvez o Alexandre Garcia não tenha conhecimento de que, para se obter sucesso em qualquer profissão ou atividade, a fórmula é a incômoda "1% de inspiração, 99% de transpiração".

    E assim como baniram os dentistas práticos, acredito que seja mais do que válida a obrigatoriedade da formação de um profissional como o jornalista.

    Muita gente sabe ler e escrever. Redigir, contrapor, contextualizar, são "outros 500".

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