Brecha para fichas-sujas

No País do jeitinho, aliás, no pais que os políticos e espertalhões transformaram na "república-do-tudo-pode" a Lei Ficha limpa, que deveria impedir candidaturas dos homens públicos que não se pautam pela probidade, acaba de levar um duro golpe.

Coube ao ministro, ou seria sinistro, do Supremo Tribunal Federal, Gilmar Mendes, reaabrir a porteira da corrupção, trancada com a aprovação da lei de iniciativa popular, ao acatar uma ação do senador Heráclito Fortes (DEM-PI) , condenado em segunda instância por corrupção quando fora prefeito de Teresina.

A decisão do ministro do STF abre brecha para que outros políticos requeiram o mesmo tratamento. A decisão é resultado de uma manobra jurídica, um artifício tradicional no ordenamento jurídico brasileiro.

A alegação é que a defesa de Fortes, no STF, começou antes da aprovação da Ficha Limpa. Como há o entendimento que a lei não pode retroagir para prejudicar, o ministro acatou o pedido de efeito suspensivo da condenação do senador, que agora poderá se candidatar à reeleição em 2010.

A esperança é que mesmo se reeleito, Fortes não consiga sustentar sua situação jurídica quando da retomada do julgamento de seu recurso pelo plenário do STF.

Haja estômago para aguentar a política, ou melhor, para aguentar o que os homens públicos fazem da política.

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