Quanto vale o conhecimento?

Reza a lenda que certa feita o avarento Henry Ford enfrentava um perrengue danado com panes no sistema elétrico de um de seus primeiros carros.



Havia falhas da parte elétrica, principalmente no funcionamento dos faróis.

Ele foi aconselhado a chamar Thomas Alva Edison, que se notabilizou como o inventor da lâmpada elétrica, para que encontrasse a solução para a gambiarra elétrica de Ford.

O astuto Thomas estudou o caso e em poucas horas apontou a solução. Resolveu a falha e estabilizou o funcionamento dos faróis dos carros de Ford.

Na hora de pagar pelo serviço, Thomas teria cobrado um valor substancial. Como se fossem em valores de hoje US$ 55 mil.

E o Ford, contra quem pesava a fama de ser pão duro, um mão-de-vaca como a maioria dos empreendedores, protestou: “Mas o senhor só trabalhou algumas horas nisso. Porque cobras esse valor?”.

E Thomas na maior calma explicou: US$ 5 mil pelos materiais que trouxe e US$ 50 mil pelo conhecimento para encontrar a solução. Vencido, Ford resmungou e pagou.

Impossível não lembrar dessa estória depois de encontrar uma solução simples e rápida para um problema no som do nosso meio de transporte.

O CD-Player Pionner MP3 do carro, que gerava modestos 100 wats, mas com uma ótima distribuição de graves nos alto falantes traseiros, passou a gerar um som mirradinho, sem peso na traseira. Um incômodo danado para quem gosta tanto de música.

Passei a procurar a solução. Na primeira assistência em que passei o cidadão queria R$ 500 reais para resolver o caso, com a instalação de um módulo e ainda a troca dos alto falantes.

Outro pediu para deixar o carro na oficina, pois queria desmontar o som para ver o que tinha acontecido. Só então teria um orçamento.

Um terceiro mexeu daqui, fuçou dalí e sentenciou: “Queimou um conjunto de saídas”. Mas isso é impossível, a saída de áudio desse som é integrada, gera 25 wats por canal. “Se fosse queima teria parado totalmente”, argumentei.

“É, mas tá queimado. Vai ter que trocar o som”, insistiu. Saí sem resolver.

Com as esperanças quase perdidas e há dois meses a escutar um som pra lá de ruim, exatamente nesta quarta-feira parei em mais uma assistência técnica de som para carro, na avenida Macapá, no bairro Veneza em Ipatinga.

Perguntei pelo técnico de som é um adolescente que instalava acessórios apontou-me um rapaz novo. Olhei desconfiado, já desolado pela falta de solução, mas expliquei o que ocorria.

Ele sentou-se no banco do carona, conferiu balanço, graves, agudos, médios, fader e outros ajustes, saiu calado, pegou um alicate, pediu que abrisse o porta-malas, puxou o conector, inverteu a polarização apenas do alto falante direito e o som voltou a funcionar em plena carga.

Gastou menos de dois minutos para encontrar a solução. Olhou-me e disse: “Resolvido”. Perguntei quanto era e ele acentou: “Nada, dê-nos a preferência quando precisar de algo”, simples assim, curto e grosso. Aquele rapaz detém o conhecimento.
Reprodução de pintura de Platão:
Nenhum filósofo prestigiou tanto o conhecimento humano quanto Platão


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