Pirotecnia e efeitos colaterais

Pirotecnia, show televisivo e efeitos colaterais de médio prazo. A Vila Cruzeiro tomada pelas forças do Estado no Rio de Janeiro é semelhante a uma vírgula no meio de um texto de página inteira.

É engraçado ver jornalistas com coletes a prova de bala. Nem em Slamabad tem tanto show.
Foto de O Globo: Repórteres internacionais cobrem "Guerra do contra o tráfico"

“Blindados colocam bandidagem para correr”, foi a manchete de um jornal carioca. Mas se correram, foram para outros lugares.

João Matuto, homem que não confia nem na própria sombra, alerta que certamente a essa hora a bandidagem já finca seus negócios em outras praças.

“O problema, mizifí, é que jogaram as forças sobre os miudinhos. Os graúdos, que se beneficiam do tráfico, ingravatadatos fí duma égua não tiveram nem um fiapo de cabelo cortado”, diz o astuto João.

Olho para esse velho sábio criado à beira de lavouras de café e digo, meu prezado, a situação é mais complexa. O crime organizado tem contas fora do País, é lá que está o sustentáculo dele. Se não for feita uma operação semelhante Pa da Itália, tudo isso não será mais do que uma pirotecnia à lá Tropa de Elite 1 ou Tropa de Elite 2.

Cá já sabemos que bandido expulso da capital, seja pobre ou rico acaba por ir ao interior. Se na roça a polícia não acha nem ladrão pé de cachorro que assalta casa de delegado, imagine se vai enfrentar os homens do crime organizado? Sei não.

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