La merveilleuse cuisine japonaise


Noite de sábado, começo de dezembro de um ano tenso. Lá estávamos nós, o autor desse minifúndio cibernético, a dona Andréia e os colegas jornalistas, Marcele e Nelson, este último, um paulistano em cujo peito bate um coração dividido entre as maravilhas desse Brasil e o Império do Sol Nascente, origem de seus antepassados.

Cara de japonês, mas com certidão de nascimento paulistana, conhecedor de MPB e das melhores coisas do Brasil, inclusive da saudosa Bahia e suas praias inigualáveis, Nelson manipula tão bem a língua portuguesa quanto a faca com a qual corta o salmão para o sushi.

Foi para uma “noite com pratos nipônicos” que a colega jornalista nos levou até o bairro Horto. Vimos a hora de chegar e quase perdemos hora de ir embora, não fosse o cansaço de uma semana estafante.

Mas queria falar da “vedete” do cardápio tradicional japonês, sua excelência, o Wasabi. Trata-se de uma especiaria, membro da família de plantas crucíferas. O rizoma, o caule rastejante subterrâneo, é moído em uma pasta verde e usado como um condimento. A ingestão oral de wasabi provoca uma sensação danada. O relato sobre a pasta prefiro alongar depois.

O ingrediente picante wasabi que provoca “a sensação” é isotiocianato de alilo, um composto químico encontrado também em mostarda e rábano. No wasabi é tudo potencializado. Se for o wasabi coreano, melhor fugir como se estivesse diante de um cão pitbull. O efeito do wasabi coreano é total.

O wasabi tem leve efeito descongestionante e lacrimejante. Clinicamente não tem comprovação alguma, dizem os pesquisadores médicos. Mas há quem diga pode ser útil no tratamento de pacientes com doenças congestionadas hipertensão ou do coração, em quem tradicionais descongestionantes adrenérgicos não seriam o melhor esquema.

Imagem da Web: tudo começa aqui, com essa planta

Indiferentemente se os efeitos práticos são subjetivos ou objetivos, o fato é que a sensação do wasabi é forte, por demais. Na noite de sábado, recitava insistentemente louvores sobre “La merveilleuse cuisine japonaise”, sob olhares ressabiados de Andréia, quando a boca grande desse autor abocanhou uma porção excessiva de wassabi num cone envolto em alga em cujo interior havia arroz, salmão, pepino regado ao shoyo e ... WASABI.

Fotos: Marcele Pena

Tomado por um súbito calor que não queima, mas fica entre a ardência e a dormência, algo como aspirar bala halls black ou bebida com gengibre, busquei socorro no ar que respirava. Não resolveu. Tomei um gole de cerveja na expectativa de uma solução e nada. Só o tempo apaga o efeito prático do wasabi. Passa rápido. Mas dá um susto danado enquanto olhos durões vertem lágrimas.

Por isso digo que, neste fim de ano, todos abram os olhos, braços e corações para um mundo novo. Comam sushi com wasabi. Boas emoções.

Comentários

  1. Por gentileza, inclua uma terceira foto neste post... Está em seu e-mail! Hahahahahaha!

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  2. Tenso. Decidi colocar duas. A terceira está, digamos, sob avaliação.

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  3. Hahahahahaha! Tinha que ter cortado um pouco menos, né, prezado!!! Mas deixa baixo! Sua cara de "que sensação" é inesquecível!

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  4. É não tornar pessoal o minifúndio.
    At.
    Alex

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  5. "Adorei o texto do Alex. Ele conseguiu captar direitinho a sensação do efeito do wasabi.
    Se ele ler o texto e eu representar com o meu nado à procura da superfície, seremos candidatos a qualquer prêmio de arte cênica".

    Por Nelson Saito

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  6. Alex, "estão" prometendo fazer pra mim essas maravilhas nipônicas! Tô esperando!

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  7. Esqueci de assinar. O comentário acima é meu: Ludmila Bifano

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  8. Oi Ludmila. Tomara que cumpram a promessa, pois tem gente do nosso meio especialista no assunto. Ha! mas cuidado com o wasabi coreano.

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