O século XXI e a não notícia

Conversava dia desses com um antigo jornalista, homem que viveu o finzinho da época da ditadura militar e chegamos a uma conclusão nefasta. Diante de tantos pseudo especialistas em comunicação, a notícia deixa de ser notícia e a não notícia é o destaque.

Assim, se justifica porque biguás migratórios, maritacas, quatis obesos, cajueiro, jacarés, a professora "gostosona" de BH, a cachorra que "pega bola" na lagoa e o biquini de uma ilustre desconhecida do BBB ganham status de coisas importantes.

Mas o que acontece no plano paroquiano costuma se repetir também de forma deslavadamente mais ampla. O supérfluo, o bobo, o insignificante e superficial nunca tiveram tanta importância. Será que esse é o momento só da exiguidade das coisas? Talvez seja por isso o sucesso do twiter, micro blog em que as pessoas têm apenas 140 toques para falar coisas. Raso.

Os frankfurtianos (corrente de pensamento do campo filosófico da comunicãção) devem estar no regojizo do intelecto porque eles previram nos anos 1960 que a comunicação de massa criaria uma sociedade de zumbis.

Ha um sítio na internet que traz a lista dos "10 melhores livros" de todos os tempos. Chamou a atenção o fato de o artigo ter centenas de comentários. Parei na terceira opinião. Enquanto o texto relata por ordem obras como Guerra e Paz - Leon Tolstoi, 1984 - George Orwell, Ulisses - James Joyce, A Ilíada e a Odisséia - Homero e a Divina Comédia - Dante, alguns participantes pedem para inserir coisas do gênero Harry Poter, Paulo Coelho e Crespúsculo, pasmem.

Só resta dizer a velha e surrada frase. "Pare o mundo que eu quero descer". Sem fanta uva porque isso também já virou baranguice. O fino agora é wasabi.  

Comentários

  1. A não notícia sobre o wasabi coreano deu mais Ibope!

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  2. É verdade, Marcele. Pelo menos nos comentários. É que esses assuntos polêmicos raramente são comentados, embora lidos, pelo que se observa no Google Analytics. As pessoas estão sob censura até em espaços como esse e temem retaliações.

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