O desenvolvimento agarrado na mão de calango

Dia desses o colega Hermes digitava uma matéria quando me chamou a atenção para mostrar a declaração de um importante líder empresarial do Vale do Aço.

Na defesa do trabalho da entidade que dirige disse algo como “graças ao nosso trabalho, a classe paga um dos menores (isso mesmo MENORES) salários aos seus empregados.

Parei boquiaberto por saber que em pleno século XXI tem empresário a pensar como se estivesse antes da revolução industrial, antes mesmo do dito “estado de bem estar social”, preconizado na pós-depressão nos anos 30 na Europa e outras partes do mundo (o Brasil ficou de fora).

No bem estar social, ou “Estado-Providência”, são estabelecidas metas de distribuição de renda. O Estado vira um agente da promoção social e organizador da economia.

Essa orientação política e econômica, regulamenta toda vida e saúde social, política e econômica do país aliado com sindicatos e empresas privadas. É um pensamento originário de Maynard Keynes, para quem o Estado não deve deixar o mercado com rédeas livres, porque a tendência dele é sempre levar mais onde já tem muita riqueza. É um método oposto à polícia de Adam Smith, o pensamento capitalista segundo o qual o mercado deve ser deixado livre, para auto regulamentar-se.

Menos de um século depois de implantado o Welfare State, como é conhecido o Estado de Bem Estar Social, quais os resultados? Países europeus e da América do Norte colhem os frutos do desenvolvimento a partir da distribuição de renda, enquanto no restante do mundo a concentração de renda deixou ricos mais ricos e pobres mais pobres.

Para esses do “restante do mundo”, interessa pagar salários menores por desconhecerem a importância da distribuição de renda como fomentadora do desenvolvimento. É uma questão cultural, essa de pagar salários miseráveis e posar na coluna social como "O cara". 

Keynes para eles é um ilustre desconhecido, enquanto rezam (sem saber) a prática de Smith enclausurados em condomínios e casas cercadas por fios elétricos, com medo dos desdentados famintos. Triste realidade.

Com tal linha de pensamento resta lembrar a expressão "na mão de calango", comum no sertão do nordeste e que se refere a situação daquele que está nas mãos de quem não vai largar de jeito nenhum e será devorado sem dó nem piedade. Amém.

Origem: JBOnline   

Comentários

  1. Pois é... mas em 2012 é bom lembrar que os governos europeus estão falidos e, nos EUA, a crise bate às portas todos os dias, retraindo investimentos e gerando um clima de incertezas nunca visto antes. Enquanto isso, no Brasil a pobreza mergulha no crack e a na violência, assemelhando-se aos vizinhos da América Latina, certo?. Abraço, Hélio

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