Ouviu errado, ficou errado

Nesses tempos pós-modernosos há uma onda de se revisar tudo o que se pensava. Assim, já reescreveram, de músicas a contos de fada até parlendas. Mas ha revisões justas, como a de alguns ditados populares.
 
Pois me chega pelo endereço eletrônico correspondência da amiga Patrícia Mágnis, com quem dividi espaço no rádio, uma bem humorada correção de umas coisas bobas que falamos por aí, sem saber como nem porque. Aprendemos errado, repetimos errado. Aliás, repetíamos. Pelo menos depois do texto cuja origem é um escrito do professor Pasquale. Vale a pena ler até o fim.
 
A primeira correção é sobre a frase “Hoje é domingo, pé de cachimbo”. Sempre fiquei a imaginar como seria um pé de cachimbo. Essa dúvida não existiria se quando ouvi pela primeira vez o ditado tivesse compreendido que o correto é “Hoje é domingo pede cachimbo”. Então, é isso. Ao invés de um “pé de cachimbo”, há um verbo bem no meio do ditado.
 
Em alguns lugares de Minas é comum as pessoas dizerem: “Esse menino não pára quieto, parece que tem bichocarpinteiro”.
 
Que raio de bicho que além disso é um carpinteiro? Que bicho pode ser carpinteiro? Não haveria essa dúvida se a frase estivesse pronunciada correta: “”Esse menino não pára quieto, parece que tem bicho no corpo inteiro”.
 
Outra clássica: “Batatinha quando nasce, esparrama pelo chão”. O correto é “Batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão”.
 
Ora, se a batata é uma raiz, ou seja, nasce enterrada, como ela se esparrama pelo chão se ela está embaixo dele?
Que burrada! E a culpa não era dele.

Mais uma que até ontem eu usava aos cântaros: “Cor de burro quando foge”. O correto é: “Corro de burro quando foge”. O ditado surgiu que um burro quando está em fuga é capaz de passar sobre qualquer coisa. Não há ser humano que cerque um burro em fuga.
 
Tinha que estar errado, pois por acaso burro possui a propriedade do mimetismo? Ele muda de cor enquanto foge? Claro que não. A frase “cor de burro...” estava errada mesmo.
 
Mais uma que constitui erro banal, banalíssimo: “Quem tem boca vai a Roma”. O correto é: 'Quem tem boca vaia Roma”. Trocaram o verbo vaiar por ir. Um absurdo.
 
Pouco comum, o “Cuspido e escarrado” é outro erro quando alguém quer dizer que é muito parecido com outra pessoa. O correto é: “Esculpido em Carrara”. (Carrara é um tipo de mármore)
 
Por fim, o famoso “Quem não tem cão, caça com gato” está também errado. Já tive um gato e posso assegurar que o bicho é ruim de caça. Jamais caça com alguém ao seu lado. Ele precisa de concentração felina. Então o correto é assim: “Quem não tem cão, caça como gato”, ou seja, sozinho.
 
Quem não repetia esses ditados errados, pelo menos um deles, que atire a primeira pedra no minifúndio.

Comentários

  1. Cara só conhecia o erro mesmo relativo ao "Quem tem boca vaia Roma", e "Corro de burro fugido", os demais são pura novidade para mim. Bacana demais jovem.
    Abração

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