Uma morte sem epitáfio


Acabo de receber um cartão, enviado pelo Unileste, lembrando que hoje é o Dia do Repórter. Pensei na hora: É possível ser repórter, mas não estar repórter em um determinado momento. A mensagem do cartão enviado pelo Unileste é uma utopia. Pode ser interpretada até como uma crítica, a depender da consciência de cada um.
"Jornalismo é oposição. O resto é armazém de secos e molhados" (Millôr Fernandes)

A frase de Fernandes ilumina bem o porque o repórter foi tão massacrado nos últimos anos. A começar pelo estímulo entre os próprios jornalistas a serem críticos ácidos e destrutivos do trabalho dos colegas. Diferentemente dos advogados, médicos, engenheiros, dentistas, motoristas, zeladores, jornalista não gosta do trabalho de jornalista, com raras exceções.

E o repórter? De “cão farejador” de fatos que mudaram a história em muitos lugares no século XX e começo do século XXI, foi transformado em mero replicador de textos e dados da internet. Isso quando não é mandado para expedições e relatar a “mulher gigante da China”, o “macaco mono carvoeiro da Mata Atlântica”, "a pavimentação da estrada de pingo D'Água" ou o “peixe que brilha no escuro”.

Apurações aprofundadas são cada vez mais raras. Narrativas como a de José Hamilton Ribeiro são uma exceção e a coragem de Alberto Dines à frente da redação do JB ocupado por tropas militares na ditadura são feitos dos quais lemos apenas em livros.

Para concluir, nós que fazemos jornalismo nas províncias deste país podemos afirmar que “nunca antes na historia” o repórter foi tão reprimido no seu exercício diário. Ou você aceita o status quo, ou vai escrever na folha de couve, ou vender água de coco. A parceria matou o repórter e o jornalismo.

Mais uma bem articulada homenagem do Dia do Repórter




Comentários

  1. É triste mas percebo nos jornais, revistas e tvs que se trata de uma realidade, sua abordagem. Só resta um apelo. desistir, jamais. Abraço. Anne.

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