É hora do boneco entrar em cena

Não gosto de carnaval. E não sou ruim da cabeça nem doente do pé. Carnaval é a festa mais boba que conheço. Criou-se um mito de um tempo em que tudo pode. Antigamente diziam que era o momento de extravasar. Hoje o povo extravasa todo dia, no ônibus apertado, na bomba de gasolina cara, no salário mais curto que o mês, na fila do posto médico,  nos tribunais sem defensores públicos e tantos outros. 
 Fotos: Passarinho/Divulgação Olinda 

E o carnaval do Rio? Festa pra gringo bobo ver e bater palma pra palhaço no picadeiro. Restam algumas manifestações folclóricas aqui e acolá, porque nem em Salvador existe mais uma coisa artística, como em Olinda, com os impagáveis bonecos. 

Lá na Bahia nas minhas férias vieram me apresentar o "hite" do carnaval 2011, algo como "Rala a Checa no Asfalto" e outra que repetia o tempo todo "Foge, Foge, Mulher Maravilha, Foge, Foge, com Superman". Mandei às favas o vendedor de CD pirata e ocupei-me com um acarajé cujos camarões temiam em pular do vatapá.

Na noite seguinte ao redor de uma praça com um som estrindente, um grupo de pessoas, repetia que nem bonecos mecânicos a coreografia da música e trocava o "g" da palavra repetitiva na frase por "d", então, foge vira fode mesmo e que se lasque tudo. Duplo sentido é o que faz sentido para a galera sem cérebro nesse ritmo podre. E todos acham isso muito engraçado. "Ai meus tímpanos", diria o Edmar Moreira. 

A bem da verdade o povo gosta mesmo de bonecos. Tem boneco presidente, boneco prefeito, boneco vereador que vota contra o próprio projeto que apresentou, tem de tudo. 
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A semana chega ao fim com mais uma discussão a ocupar páginas inteiras de jornais e na internet. A Sandy decidiu virar garota propaganda da cerveja Devassa. A devassidão da cantora é tão verdadeira quanto à água rala que é essa cerveja.

Pelo menos a versão em lata é um chá de cevada. Não gosto de cerveja, mas quando provei da Devassa achei a bebida uma água de batata, por assim dizer. Por falar em chá, em meio a tantas "discussões produtivas", uma fala chama a atenção para encerrar o assunto "propaganda que não colou": A Sandy está mais é para chá de erva doce e hortelã".

Fotos: Passarinho/Divulgação Olinda 

Comentários

  1. Pois é jovem também gosto tanto do carnaval que há seis anos me isolo no sítio do meu sogro curtindo uma boa música caipira, digo caipira, não esse breganejo atual.
    No repertório musical que você comentou acima, se esqueceu da campeã, a mais idiota de todos os tempos, e que me faz lembrar um texto que escrevi no meu blog sobre a falta de interesse político dos nossos jovens (o futuro de nossa nação - tamo pirdido como diria o sábio João Matuto). A música em questão é tal de Tchubirabirom, que não tem mais que uma dúzia de palavras, e fica se repetindo o tempo todo, e um bando robozinhos com droga na cabeça repetindo a coreografia. Em termos de idiotice ela só ganha do tal do Rebolation que por coincidência é do mesmo grupo.
    No entanto, um pouco diferente de você, eu acho que sou doente do pé. Quando ainda bem jovem, era o último a ser escolhido para as peladas e algumas vezes preferiam jogar com um a menos do que comigo no time. Resolvi apelar. Ganhei uma bola de aniversário, assim sendo, se eu não jogasse ninguém jogava. Resultado. Roubaram minha bola no segundo dia de pelada e continuo sendo ruim e sem jogar até hoje. As pouquíssimas vezes, quase que raras, que me atrevo a bater uma bola, seja numa confraternização, ou apenas de brincadeira mesmo com os amigos, torço o pé e saio no máximo com uns 10 minutos de jogo. Tanta ruindade e falta de jeito só me leva a crer mesmo que sou mesmo doente do pé.
    Bom feriando amigo !

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  2. Hahaha. Essa foi boa. Perdeu a bola e não jogou. Bem, sobre a lista de ruídos (recuso chamar de música), a indústria dessa praga produziu uma lista enorme nos últimos anos. Citei apenas dois casos recentes, dos quais tomei conhecimento. Então, agora acredito que Luiz Melodia teria outro motivo para cantar "Carnaval, carnaval, eu fico triste quando chega o carnaval", não por ter perdido sua Maria, mas por tanta coisa ruim, de péssimo gosto que rola por ai afora. Bom carnaval pra você também, jovem.

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  3. Só uma correção, antes que determinado agressor ataque no post acima. A música "Quando o carnaval chegou", é interpretada por Luiz Melodia, mas é uma composição de Ciro José.

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