Hospedagem carcerária

Ocorreu-me essa semana, durante apuração de uma pauta sobre um possível surto de conjuntivite em Ipatinga, a lembrança de algo muito hilário de uns três anos antes. Apurávamos em Timóteo os desdobramentos da prisão do então prefeito Geraldo Nascimento (na época no PT) e de um de seus asssessores. Ah, esses gênios da lâmpada  e suas pataquadas!

A Polícia Federal os prendeu no que ficou conhecido como "Operação Pasárgada", que envolvida um esquema mafioso de desvio de dinheiro por meio de venda de decisões judiciais que livraram os municípios de pagar dívidas com o INSS. 

Não deu nada para quem vendia sentenças, mas um punhado de prefeitos e assessores que contraram serviços de uma consultoria de BH viram o sol nascer quadrado na penitenciária José Maria Alkimin, em Ribeirão das Neves por uns cinco dias, que é o tempo que durou a preventiva. 

Na prática apurou-se depois que o prefeito de Timóteo não tinha se beneficiado de nenhum esquema neste sentido.  No máximo Nascimento foi investigado pela suspeita de ter se beneficiado de outro esquema, o que compra de sentenças favoráveis no Tribunal Regional Eleitoral, numa época em que ele sofria uma série de processos movidos por pessoas ligadas ao ex-prefeito de Timóteo, Geraldo Hilário e gente do ex-prefeito Leonardo Rodrigues Lelé. Curiosamente, Hilário também cassado no TRE por motivos parecidos com as causas da cassação de Nascimento: uso da máquina pública na campanha da reeleição. 
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Mas voltando ao fato hilário dessa história toda é que certo dia, no caso Pasárgada, na sede do Partido dos Trabalhadores uma então assessora de Nascimento saiu com essa versão: "O prefeito e o assessor jurídico estão hospedados na Polícia Federal". Hospedados? Questionei. "Sim eles foram convidados com pela PF para prestar esclarecimentos e voltam para o município amanhã", insistiu a assessora. Bem, hospedagem "a convite da PF na penitenciária de Neves não deve ser nada hospitaleiro, né não?

Mas afinal, o que esse doido do minufúndio cibernético Observatório do Vale tenta fazer ao "linkar" o caso da "hospedagem carcerária" com a conjuntivite? Ah, deixa pra lá.  É que o autor entende que ficar hospedado em penitenciária não deve ser agradável, da mesma forma que hoje não deve ser nada agradável e descobrir que na sua família tem sete parentes com conjuntivite, conhecer outros cinco amigos de outro bairro também afastados do trabalho por conuntivite, e um outro que veio de Monlevade passar um fim de semana e ir embora com conjuntivite, saber que no consultório odontológico alí ao lado três desmarcaram tratamento por conjuntivite. E isso não é considerado um surto?  E não é importante alertar a população a tomar cuidados básicos para evitar uma proliferação ainda maior? Bem, para algumas pessoas não é. 


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