Imagens daqui e dali

Encontrei certa vez uma praia deserta, na ponta de areia entre o Oceano Atlântico e o rio Jucuruçu, no Sul da Bahia. Neste lugar, longe de tudo, as tartarugas marinhas encontraram um santuário de sua desova anual.

Construir por aqui é uma coisa praticamente impossível. A área é protegida e nem os quiosques de beira de praia podem ter luzes para evitar que as tartarugas confundam a direção do mar.


Essa placa jazia em meio à restinga em recuperação. Mas quem pensar em abandono está equivocado. A área é extremamente vigiada pelos nativos, Ibama e adeptos do Projeto Tamar.


E uma cena inesquecível. Por volta das 07h uma família de pescadores subia o rio Jucuruçu neste barco, depois de quase 12 horas no mar. A família inteira trabalha na pesca. Na volta, a jovem e suas irmãs, reunidas na proa da embarcação, aproveita a tranquilidade das águas do rio em direção ao cais para tocar violão. Lembro-me de Vinícius de Moraes, que certa vez escreveu:

"De que mais precisa um homem senão de um pedaço de mar - e um barco com o nome da amiga, e uma linha e um anzol pra pescar? E enquanto pescando, enquanto esperando, de que mais precisa um homem senão de suas mãos, uma pro caniço, outra pro queixo, que é para ele poder se perder no infinito, e uma garrafa de cachaça pra puxar tristeza, e um pouco de pensamento pra pensar até se perder no infinito..."

Ao fundo a área de um resort localizado do lado oposto à área de preservação permanente. 


Ha 20 anos o rio Jucuruçu desaguava nesse ponto. A areia carreada ao longo dos anos fechou o canal entre o continente e uma ilhota existente aqui. O rio então mudou o seu ponto de foz para quatro quilômetros abaixo.
 A barra do rio Jucuruçu é hoje uma planície de areia e água, onde não se enxerga onde termina o rio e começa o mar. Aliás, na cheia da maré o mar "empurra" de volta as águas do rio até as proximidades do cais em Prado, BA, seis quilômetros antes da foz. Impressionante. 




Comentários