Sem perdão

Passadas duas décadas de convivência bem próxima às pessoas do poder é engraçado observar os altos e baixos das pseudo autoridades. Todos obviamente temos os momentos de glória e os momentos de ostracismo. Mas os que se engalfinham pelas hostes governamentais chegam a situações hilárias, senão ridículas.

É trabalho para psicólogo nenhum reclamar. Na glória, o sem caráter vive uma lua de mel com o “puder”. Ele é também um exímio seguidor de Maquiavel: “é melhor um príncipe ser temido do que amado”.

Mas essa é uma situação passageira. Para alguns iludidos passa até mais depressa do que o esperado. Mesmo quando o reinado acaba, o sem caráter não se dá por vencido.

Tenta manter as aparências, finge que fala ao celular, finge que ainda é importante, quando na verdade virou reles novamente. E na condição de reles uma falsa humildade recai sobre alguns. Ou não. Muitos ficam que nem alma penada, decaída, vagando pelas madrugadas, a atormentar os vivos ocupados com sua sobrevivência.

Outra

Vida de repórter é dureza. Por detrás desse lugar comum repetido tantas vezes há uma realidade doída. O profissional só recebe sorrisos e afagos enquanto publica algo que interessa a alguém ou a um grupo.

Pode fazê-lo 364 dias por ano e ser um herói. Mas no 365º dia, publica uma linha que não interessa aos tais grupos e é automaticamente, sem defesas, relevado ao posto de um bandido condenável à forca.

Mas talvez essa seja a compensação da profissão. Para muitos profissionais é preferível ficar sem as medalhas e cumprir o "jornalismo mínimo" desse século XXI e seguir o  paradigma da comunicação, segundo o qual jornalismo é publicar algo que alguém não quer que não seja publicado.


Foto: Luís Castro/RTP Jornalistas em zona de conflito no Oriente Médio

Ouvidos moucos


Morro de rir das homenagens que chegam via email pelo Dia da Imprensa e Dia da liberdade de Pensamento. Estamos mesmo na época da piada pronta. Os que mais censuram, ou tentam influir negativamente para o livre exercício, são os primeiros a manifestarem-se.

A propósito desta questionada data, antes comemorada em 10 de setembro, quando começou a circular "A Gazeta do Rio de Janeiro", é bom lembrar que o Dia da Imprensa passou para 1º de junho, data de nascimento do "Correio Braziliense", em Londres.

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