De chacina em chacina

Na tarde de hoje escutava colegas do rádio relembrarem-se das chacinas do Vale do Aço, enquanto relatavam o caso do residencial Ayrton Senna, onde um sujeito encolerizado pelo ciúme invadiu a casa onde estava uma ex-amante e atirou em quatro pessoas, entre elas uma criança de 25 dias de vida.

Um rapaz morreu na hora, a mulher alvejada, pivô de todo o acontecimento morreria horas mais tarde no hospital. Antes disso, logo após a fuga que sucedeu ao fato, Vantuil, um rapaz da prosaica Pingo D'Água decidiu colocar fim à sua vida, cercado pela polícia na tortuosa estrada que liga a BR-458 à sua cidade. Deu um tiro na própria cabeça.

Pois os colegas faziam comparativos entre as tragédias do Vale do Aço e eu discordo. Cada chacina tem sua motivação específica e ninguém consegue entender ou conhecer os reais estímulos e fatos que antecederam eventos como o desta terça-feira. 

O que conhecemos são os fatos depois deles ocorrerem. Quanto às motivações, só conheceremos as versões relatadas por um ou outro lado envolvido. 

E, assim, a chacina de hoje repercutirá por mais dois, três, cinco, dez dias e depois cairá no esquecimento, enquanto aguardamos a ocorrência de nova chacina para fazer um novo balanço. 

Entre tantos casos, pelo menos o episódio de hoje parece ter versões mais conclusivas. Não ficará sem respostas claras e objetivas como o caso Juninho, jovem desaparecido após batida policial no alto do morro do bairro Ideal, o Crime da Mala, em que uma mulher de fino trato apareceu picada dentro de duas malas; o assassinato da missionária, encontrada morta em um dos braços da Lagoa Silvana; a Chacina de Belo Oriente, cuja autoria todos sabem mas ninguém nunca provou nada.

Mas tem também a a execução do agiota Lázaro, que atuava no bairro Horto, o assassinato do taxista Moacir, de Cachoeira do Vale, o Caso Burn, em que um adolescente foi assassinado em Ipatinga, o caso do dono da Pousada dos Três lagos, em Marliéria, também assassinado,  e tantos outros casos. 

De homicídio em homicídio, de chacina em chacina enchemos uma página de relatos cujas respostas não existem, mas deveriam existir.  
Foto: Wellington Fred. Local da tragédia na Rua Baruk, Residencial Ayrton Senna, em Ipatinga



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