E o Idi virou notícia


Um dos bichos mais importunados de zoológicos responde pela alcunha de Idi Amim, o gorila do zoo de Belo Horizonte. Quando estive por lá há alguns anos, percebi que o símio não se constrangia em demostrar irritação com os humanos, pseudo inteligentes que do alto do fosso jogam objetos, biscoitos, apelidam e o xingam.

E agora surgiu um novo tipo de voyeur. Desde que colocaram duas gorilas com o Idi, vindas da Inglaterra em uma tentativa de dar-lhe companhia feminina, o primata é fiscalizado 24h em seu cafofo, sem direito a intimidade que momentos como esse requerem. Deve ser falta do que fazer, no caso dos curiosos, ou falta de pauta jornalística mais interessante, no caso dos colegas que lá se revezam.
Foto: Raul Lisboa - Idi é um gorila capturado na Selva africana, considerado o único na América Latina
Do mato

Certa vez levava o meu filho, para passear pelas trilhas da Cachoeira da Jacuba quando deparamos com um esquilo serelepe, muito comum naquela região. Sem fazer barulhos, segurei o Alex e pedi que ficasse quieto para que pudéssemos observar o roedor. Ele perguntou por que não era grande como os que ele via na televisão e expliquei que os esquilos grandões são comuns somente na América do Norte. Os de nossa terra, apesar de miudinhos, são muito graciosos.

Perto, vinha um sujeito esquisito, de chapéu de selva e colete pardo. Identificou-se como biólogo que estudava a Apa Jaguaraçu e disse: “É incomum essa cena por aqui. Normalmente as pessoas da cidade correm atrás, gritam e até jogam pedras nos bichos silvestres ao invés de contemplá-los como você faz. É admirável ver exceções, ainda mais quando se educa uma criança”.

Estrupícios

Na contramão do que se deve fazer e não educados para conviver em harmonia com a natureza, sexta-feira (30) um grupo de quatro estudantes, três meninas e um marmanjo, importunava uma garça branca que costuma ficar na borda da lagoa do Parque Ipanema.

A ave estava nas proximidades da ponte ao norte do lago e vi quando duas meninas correram, gritando, com os braços abertos e espantaram a garça que, até então parada, esperava a aproximação de um peixe incauto para o seu “café da manhã”.

Os adolescentes eram integrantes desgarrados de um grupo que fazia atividades educativas no Parque. Ao invés de aprender alguma coisa, os estrupícios preferiram sair perambulando pela área, importunando os bichos.

Nem mesmo o voo que a garça alçou para o outro lado do lago foi suficiente para desanimar os jovens, que correram para lá e foram importuná-la novamente. Certamente aborrecida a ave alçou voo em direção ao Ribeirão Ipanema e não mais voltou. Sem a garça, cercaram uma pata como puderam. O rapaz ameaçou chutar a criação, que desesperada conseguiu escapar debaixo das pernas de uma das meninas e pulou na água. Ô “Zé Povim” difícil, deve ter pensado a pata.

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