“Os poderosos estão destruindo o mundo e fazendo em pedaços as novas gerações . Hoje não existe nada além das aparências ”. A frase de uma mulher italiana em entrevista à jornalista Ilze Scamparini, durante a Marcha dos Indignados em Roma é sintomática do momento que vivemos. Há pouco tempo , fazer discurso contra o capitalismo era fora de moda e o sujeito que o fizesse corria o risco de ser classificado como “vermelho ”, “comunista ” e outra coisa que o valha.
Mas passados os anos , a Marcha dos Indignados, mais um movimento convocado pelas redes sociais , e que tirou de casa milhares de pessoas em todo o mundo , faz pensar que está mais atual do que nunca a leitura de “1968, o ano que não terminou”, de Zuenir Ventura . Incrível como o tempo passou e as coisas não mudaram, o povo está nas ruas a reivindicar mudanças, como naquele 1968.
Mas é claro que a massa tem culpa nisso também , pois sua volúpia consumista é que mantém as empresas dos poderosos . Compramos o que não precisamos e gastamos o que não temos.
Na marcha deste sábado , só em Roma 70 pessoas ficaram feridas , três gravemente , e 12 foram detidas, quando a polícia de choque reprimiu os protestos . Em outras partes do mundo a marcha também acabou em confusão .
O fato consumado – para o regozijo de uma das correntes do pensamento econômico – é que o capital não é democrático , é centralizador e jogou o mundo nas mãos de 1% dos detentores da maior parte das riquezas . Ao menor sinal de crise , os donos do capital retraem seus investimentos e jogam nações inteiras na crise em questão de segundos . Desemprego, fome , privações e incertezas com o futuro estão entre os resultados obtidos.
Foto: Jeff Vinnick / France Presse: Quem diria, que no século XXI viveríamos protestos contra o capital? Uma corrente do pensamento econômico já sabia disso, no século IX |
“Da América à Ásia, da África à Europa, as pessoas levantam-se para lutar pelos seus direitos e pedir uma autêntica democracia ”, diz o manifesto do movimento . “Os poderes estabelecidos atuam em benefício de alguns poucos , ignorando a vontade da grande maioria ”, segue. “É preciso pôr fim a esta intolerável situação ”. Até parece o resgate do Manifesto Comunista em pleno século XXI.
Deitados em berço esplêndido , nós moradores de uma região movida por grandes empresas, intimamente ligadas a investidores internacionais , portanto sujeitas a toda sorte de efeitos de crises mundiais, devemos abrir o olho . A crise não está no quintal do vizinho , está dentro do nosso quintal.
Reportagem Ilze Scamparini - Roma
Reportagem Ilze Scamparini - Roma
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