Assessorias sem noção


Sou do tempo em que jornalistas eram convocados para entrevistas coletivas em que líderes políticos, empresariais e dirigentes de alguma coisa importante faziam anúncios realmente importantes em coletivas.

Agora, parece que virou moda convocar "coletiva de imprensa" para falar o banal banalíssimo. Os líderes ficaram medíocres ou as assessorias é que “mediocrizaram” de tal forma que o assessor não consegue mais distinguir o que deve ser anunciado em coletiva e o que merece apenas uma notinha, uma noticiazinha para fim de edição radiofônica ou de jornal? Ou o que deve ser repassado para a agência produzir uma bela e eficiente peça publicitária?

É bom deixar claro que pagar o 13º Salário é uma obrigação legal. Empresa, ente público ou entidade que o paga a seus funcionários não fazem mais do que sua mera obrigação. Gabar-se disso é cair no papel de ridículo. O que dirá então convocar coletiva para anunciar isso? Lamentavelmente o óbvio não é mais observado.

Aos jornalistas deverá interessar entrevistar líderes de classes - Associação Comercial, por exemplo - para ouvir deles uma declaração sobre um ato de governo, uma situação histórica ou contemporânea. Para fins de esclarecimento de dúvidas vai a "tradução" pelo dicionário Houaiss, do que realmente falo:

"Declaração - substantivo feminino - ato ou efeito de declarar
Manifestação oral ou escrita, com ou sem testemunhas; anúncio, revelação
Esclarecimento (de ou sobre algo); depoimento, explicação"

Desta forma, a imprensa interessa em ouvir a declaração do presidente de uma entidade importante sobre um novo adiamento da licitação nas obras de duplicação da BR-381, mas duvido que vá se interessar em entrevista coletiva sobre lançamento de campanha promocional de natal.

No máximo um jornalista que se preze vai interessar-se pelos impactos econômicos de um movimento de vendas no fim de ano, e explorar temas como a geração de empregos, circulação de divisas, ouvir lojistas e consumidores. Não para repetir ladainha de campanha. Isso é coisa de publicitário. Que cada um esteja no seu lugar. Amem?

Comentários

  1. Concordo em tudo! O pior é quando a assessoria liga falando que haverá uma coletiva e não informa o que será anunciado. Eles dizem apenas: "É uma surpresa. Vc vai gostar!".
    Muito bom seu blog e suas análises Alex. Aquele abraço!

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  2. Obrigado, Danilo. Conversas como essa que você relatou me fazem lembrar que há casos em que as assessorias querem tirar do jornalista a prerrogativa do julgamento sobre a pertinência do que será anunciado.

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  3. Que todas as Assessorias de Comunicação do Vale do Aço ouçam ou melhor leiam essa Nossa oração diária dos jornalistas Amém! Repórterrrrrrr Alex Ferreiraaaaaaaaaaa!

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  4. Alex,

    Gostaria que acrescentasse ao seu comentário, que, diga-se de passagem é muito oportuno, as situaçãoes as quais a imprensa deseja que seja concedida uma entrevista coletiva, para não ser egoista e pedir uma exclusiva, e as assessorias de imprensa que julgam não ser adequado para o fato a ser elucidado. Isto também acontece, não?

    Um abraço do seu, se assim me permitir, colega

    Ronaldo Soares
    Diário do Aço/95FM-Vanguarda AM/Rádio Globo GV/
    TV Cultura do Vale do Aço/ Negócios Industriais

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  5. Pior que convocar coletiva para assuntos banais, é fazer tal convocação para uma pauta que era somente sua! aí é triste ao quadrado!

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  6. Prezado Ronaldo. Acredito que na maioria das vezes é o inverso ocorre. O jornalista pede um esclarecimento, uma resposta exclusiva e as assessorias querem chamar coletiva para um assunto que um jornalista apura, como disse a Bruna Lage. O "primeira mão", o "exclusivo", o "chegou primeiro" ainda existe e é pertinente. Demonstra o esforço e dedicação do profissional e isso se justifica para evitar que os jornais, rádios e TVs fiquem homogeinizados. A diversidade é um dos fatores que justificam ao leitor/ouvinte/telespectador ter preferência por um ou outro veículo.

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