O repórter cinematográfico da TV Bandeirantes, Gelson Domingos, morto enquanto trabalhava na cobertura de uma troca de tiros entre a PM e criminosos, no Rio de Janeiro, usava um colete do tipo 2-A, que protege contra tiros de armas como a de nove milímetros e quase nada contra tiros de fuzis usados nos confrontos no Rio.
O cinegrafista foi morto neste domingo (6) com um tiro de fuzil no peito, que atravessou o seu corpo, durante operação policial na favela de Antares, na zona oeste da cidade.
A morte foi gravada em tempo real e as imagens percorrem o mundo. É possível ver o momento em que o jornalista é atingido. A ONG Rio de Paz prestou uma homenagem ao cinegrafista na areia da praia de Copacabana, nesta segunda-feira. Lá, um discreto cartaz dizia: "Gelson Domingos, o tiro que acertou o seu peito, atingiu os nossos olhos".
Reprodução: TV Bandeirantes
Contexto
Na noite desta segunda-feira, um grupo de estudantes de comunicação do Unileste visitava a redação do Diário do Aço. O assunto, devidamente agendado nas discussões, acabou por aparecer no bate-papo.
- Não temos situações de confronto dessa natureza por aqui, mas como jornalista, como você se sente ao ver cenas como aquela do cinegrafista? Quis saber o professor Rodrigo, que acompanhava a turma.
Expliquei que nem sempre a violência física é o que mais incomoda no nosso contexto, mas a violência moral. Essa sim é alvo de uma inquietação.
Ela ocorre quando o alvo de uma apuração por desvio de conduta, improbidade com o bem público e outras mazelas decide perseguir o jornalista ou simplesmente usar o poder econômico – bancado pelos cofres públicos na maioria das vezes – para neutralizar o profissional.
Não vejo diferença entre o bandido de lá, que puxou o gatilho e acertou o cinegrafista e o daqui, que pega o telefone para pedir a um empregador a cabeça de um profissional que trabalha com a comunicação.
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