Acabo de passar pela rua Serra Geral, no bairro Jardim Panorama em Ipatinga. Na quadra entre as ruas Passo Fundo e Serra dos Carajás existe um verdadeiro território de Zumbis.
É incrível que, em uma das cidades mais prósperas de Minas Gerais, exista uma rua de zumbis.
Entre a suntuosidade do Motel Mont Blanc e a decadência do Cê Q Sabe e outros motéis da Serra Geral, uns doze jovens, rapazes e garotas com idades que não devem passar dos 25 anos, cadavéricos, socializam os cachimbos de crack. Nos rostos sujos, dentes escurecidos e roupas molambentas vê-se gente que deveria estar no trabalho ou na escola, na melhor época produtiva de um ser humano.
Sentados ou em pé nas calçadas em um trecho de 200 metros, quase debaixo de uma câmera do Olho Vivo, permanecem por horas, noiados pelo crack. Vez ou outra vê-se o riscar de um isqueiro. Mais uma pedra arde em chamas e uma cabeça pende para trás. É o momento máximo deles.
Ali se faz presente um caso de calamidade pública. Não é nem mais um caso de polícia, mas um caso de saúde pública. Era caso de polícia até que a droga chegasse às mãos deles, mas, naquele estado, não adianta jogá-los em uma masmorra. Quem traz o carregamento para cá? Quem comercializa no atacado e no varejo?
Zumbizados pelo efeito do crack, eles sequer enxergam quem passa na rua, numa verdadeira inversão daquela situação em que os marginalizados é que normalmente são invisíveis aos olhos dos passantes.
O subproduto social daquela calamidade todos já sabem: Um posto de gasolina será assaltado mais tarde. Uma mulher terá uma bolsa arrancada. Um celular, uma carteira ou um cordão de ouro serão arrancados de alguém ainda hoje. Afinal, será preciso financiar a próxima rodada de pedras. Será que assim eles serão percebidos?
- Que ninguém reaja ao assalto - alerta a polícia.
- Vai mais uma pedra?
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| Rua Serra Geral, bairro Jardim Panorama - mas deveria ser chamada de Rua dos Zumbis |
Aquele lugar é uma tristeza só... um submundo.
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