Acabou a mentira


Depois de uma semana de Carnaval, período em que algumas pessoas se entregam à total bestialidade, tudo volta ao normal. Alguns vão juntar os cacos do que sobrou da festa. E amargar arrependimentos. Outros guardarão na memória lembranças da "festa dos sonhos".

Não raro, outros vão para as filas dos serviços de DSTs/Aids. Pelo menos o serviço público garante que após o carnaval, a procura pelos exames aumenta. 

Pois neste período em que faço questão de trabalhar no lugar dos colegas que vão para a folia, intercalei os longo quatro dias com pedaladas pelo Vale do Aço afora e leitura. 
Foto: Catadores - Alberto Jacob

Estou no meio do “Guia Politicamente Incorreto da História do Brasil”, do jornalista paranaense Leandro Narloch. 

E qual não foi minha surpresa com uma coincidência. Justamente nesta semana cheguei à parte do livro em que é tratado o samba – e por extensão o Carnaval. 

Já tinham me falado sobre isso, mas o jornalista, pragmático citada datas e lembra que o carnaval da forma como o conhecemos, com a cadência, organização que conta ponto, enredo que eleva alguma coisa, ou alguém, é uma fabricação, o casuísmo de uma ditadura: a de Getúlio Vargas, que se inspirou nos desfiles militares do Facismo Italiano – ao qual demonstrava simpatia - para mudar a festa carnavalesca brasileira. 

Vargas impôs o atual modelo de carnaval, em 1930, para acabar com a balbúrdia que os foliões faziam pelas ruas, lançando bolas d’água envolta em cera entre si enquanto outros grupos executavam músicas de livre criação popular. Neste sentido, é imprescindível que nós brasileiros leiamos o capítulo “Samba e Facismo”, do Guia. 

Muito mais do que um mergulho na história é uma bússola para apontar os rumos da compreensão desta festa besta que vemos pela TV, transmitida de São Paulo e Rio de Janeiro. 

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