Tumulto urbano

A lista das coisas complicadas para se efrentar na área urbana das cidades é interminável. O sentido de cidade (palavra originária do latim civìtas, átis - cidade, reunião de cidadãos, nação; pátria, foro, direito de cidadão - o povo da cidade) que seria aquele da convivência das pessoas, juntas, para um conforto e maior segurança coletiva, virou uma utopia.

O ajuntamento de pessoas na ocupação do espaço urbano tornou-se um problema e não uma solução. E a causa disso tem um culpado. O poder público não dá conta de fiscalizar os cidadãos que não cumprem com as normas.  Aquelas pessoas imbuídas da responsabilidade pelo conjunto dos cidadãos, para cuidar do grande condomínio, que é uma cidade, furtam-se à essa responsabilidade descaradamente. Muitos dos "agentes públicos" preferem ocupar-se com papéis menores, sem tanta importância coletiva.

Desde o começo se sabe que sem normas a seguir o homem volta ao seu “estado de natureza”, aquele mesmo descrito por Hobbes. Se houver normas e elas não tiverem seu cumprimento fiscalizado, a desordem impera.

E o resultado é uma convivência sem harmonia, incômoda. Senão, vejamos a lista que pode ser feita a partir de uma simples observação em Ipatinga, cidade que já foi das mais prósperas de Minas Gerais:

- Ciclovias intransitáveis dadas as irregularidades no piso
- Calçadas ocupadas por placas publicitárias, mesas de bar e até carros
- Motocicletas com escapamento aberto
- Igrejas evangélicas sem tratamento acústico
- Serralherias que ligam máquinas às 7h de segunda a segunda
- Carros de propaganda volante às 7h50 de domingo
- Calçadas com degraus, pisos deslizantes
- Cães bravios avançam entre grades nos braços dos pedestres
- Falta de fiscalização e coação ao vandalismo no Parque Ipanema
- Andar com joias é garantia de ser vitimado por assaltantes
- Casa bonita só com grades ou cerca elétrica
- Impossível escutar rádio sem padre, pastores e outros falsos profetas
- Lombadas irregulares, buracos e desníveis em poços de visita nas ruas e avenidas
- Obras privadas que intervêm e destroem o espaço público

A lista poderia ser maior ainda, mas cito aqui apenas esses pontos, no meu entendimento, os que são mais inquietantes. Para alguns juristas que já entrevistei, o Brasil tem normas em demasia. O que falta é o correto cumprimento delas. Ou quem, devidamente isento, cobre o seu cumprimento.

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