A segurança pública é um caos


Dia desses fiquei assustado. Não bastasse o episódio da juíza da Vara de Execuções Penais de Ipatinga, Marli Braga Andrade, ser removida para outra comarca por causa das ameaças de morte promovidas pelo crime organizado, a cada dia tomamos conhecimento que não estamos seguros em lugar algum.

Primeiro, no episódio da juíza, é determinante saber que as ameaças foram feitas  a mando de um criminoso que estava em um presídio em Contagem. Ora, se estava dentro de um presídio e comanda um sistema mafioso é porque o sistema está permeado de falhas. E falhas graves.

A causa da minha apreensão foi uma mensagem clara repassada pelo comandante do 14º Batalhão da PM, em Ipatinga, tenente coronel Francisco de Assis a um grupo de comerciantes: O crime avança, se especializa e o Estado não consegue acompanhar e se aparelhar para o enfrentamento desse cenário.

Em um intrincado jogo que envolve as defasadas leis penais brasileiras, falta de estrutura em delegacias da Polícia Civil e o crescimento do número dos que praticam o crime ao invés de trabalhar, a polícia ostensiva faz o papel do pássaro que carrega água no bico para apagar um incêndio na floresta.

Entre episódios relatados pelo oficial, há o caso de uma adolescente de 16 anos, que foi presa mais de 50 vezes. Viciada em crack e com o corpo mirrado, era especialista em furtar casas e pular de grandes alturas, escalar muros e andar sobre telhados. “Tentamos internar essa jovem durante muitos anos. E não conseguimos. Era uma morte anunciada”. A “Mulher Aranha”, como ficou conhecida, morreu assassinada a tiros no bairro Iguaçu.

Em bairros como o Vila Celeste e Vale do Sol inventaram o aluguel de armas. Quer fazer um assalto, “apagarum desafeto e não possui “equipamento”? O caboclo pode alugar uma arma. O problema é que, se for preso, além do aluguel ainda terá que pagar a fiança e ressarcir ao proprietário o valor referente a arma apreendida pela PM.

Então, se o criminoso queria fazer um assalto para levantar R$ 1 mil, ele aluga outra arma e sai com o objetivo de arrecadar muito mais para pagar as dívidas”, explicou o comandante.

O esquema de aluguel de armas foi desbaratado, explica o tenente coronel, mas sempre surgem outros serviços de locação.

Oficial da PM não esconde dificuldades vivida nas ruas para enfrentar onda de crimes violentos
“Às vezes prendemos um sujeito suspeito de furto ou com drogas e ele vira para o policial e diz para terminar rapidamente a ocorrência, porque precisa voltar para as ruas”, testemunhou.

A maior parte dos apreendidos é de menores de 18 anos, aliciados pelo crime para a ação, porque não ficam presos. Falta um centro de internação para eles, que são reiteradas vezes colocados nas ruas.

Por ocasião do surto de uma doença desconhecida no Ceresp, na semana que passou, outro dado: construído para abrigar 174 presos, o Ceresp de Ipatinga abriga mais de 520. Assim deverá ser também o centro de internação de adolescentes, se um dia ele for construído.  

Comentários

  1. Isso é triste a bandidagem está solta e nós nos trancamos em casa e não adianta fugir para as pequenas cidades porque o crime já foi pra la também

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