Essa inquietante pergunta me deixou mudo por alguns segundos fatais, dia desses. Corrupção, na acepção do Dicionário Houaiss, da Língua Portuguesa é o ato, processo ou efeito de corromper.
É a adulteração das características originais de algo. E ainda: "disposição apresentada por funcionário público de agir em interesse próprio ou de outrem, não cumprindo com suas funções, prejudicando o andamento do trabalho".
Até aqui tudo bem, a resposta poderia ser imediatamente um sonoro NÃO, pois não contrato com o serviço público e quando o fiz, em uma única ocasião, recebi com esperado atraso a mixaria combinada por um serviço que me tomou um tempo enorme, conhecimento e concentração.
Com iniciativa privada ainda mantenho contratos. Presto serviços na área de comunicação. Apresento notas fiscais que me levam uma bolada em impostos e recebo o justo combinado.
Mas o danado do Houaiss não me deixa em paz. Corrupção é também a "depravação de hábitos, costumes etc". E que são hábitos e costumes senão normas e condutas sociais criadas por nós mesmos?
Por que não poderia ser corrupto um cidadão que furta do seu próprio coração o direito de bater mais calmamente, menos indócil, menos ranzinza, às vezes magoado e de ser mais feliz? Ah, o silêncio denuncia mais do que mil calhamaços de CPIs.
Meu caro amigo, boa questão. Já trabalhei na iniciativa privida e hoje estou no público. Além do ambiente de trabalho, a corrupção não está apenas nos processos ou estruturas, lugares que são consequências da vida pessoal. Vejo que a capacidade de se escandalizar se resume ao ápice das coberturas da mídia sobre grandes escândalos. A memória é curta. Não se combate a corrupção pessoal enquanto buscarmos nos eximir dela ao transferir as responsabilidades e diluí-las nas estruturas.
ResponderExcluirA apropriação pública em benefício próprio está em nossa cultura colonial, infelizmente. Ao mesmo tempo o setor privado é tão corrupto quanto o público, segundo palavras de um grande empresário que ouvi recentemente. Isso prova que a corrupção não se limita a espaços, mas a pessoas. Vale a minha filosofia: busco eu mudar primeiro. Abraço.
"Mire e veja: o importante e bonito do mundo é isto, que as pessoas não estão terminadas, mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam... Verdade maior. É o que a vida me ensinou".
ResponderExcluir(atribuída a Guimarães Rosa)
Caro Wiliam. O setor público, é na verdade, o maior corruptor. O servidor público só consegue ser corrupto porque alguém aceita jogadas, cartas marcas nas licitações e contratos obscuros. E tudo isso é inerente a atividade privada na relação com o setor público. E isso vem, como muito bem disse, do Brasil Colônia. Lembra-se do distribuidor de vidros planos na relação com JK na construção de Brasília (A mentira das urnas - Maurício Dias, Record)?. Quanto ao anônimo (a), que cita Guimarães Rosa, que belo pensamento!.
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