Conclusões sombrias


Fim de expediente na abertura da semana e algumas conclusões de boteco, na base de água mineral com gás, que é para prevenir acidez no estômago. Boteco não tem vinho bom. E cachaça, se não tem mineira artesanal, melhor mesmo é ficar na água com gás. Tem períodos do ano em que jornalista vive diariamente à base de antiácido.

Nota-se claramente que, na medida em que avança o calendário eleitoral, despontam-se as pesquisas. E, com elas, a necessidade de ampliar espaços é iminente. E muitos já adotam o autoritarismo como forma de suplantar barreiras. 

Opa. Autoritarismo? Sim e mentiras também. Uai, se estão assim antes do resultado das urnas, imagine se ao contar dos votos saem vencedores? Melhor não pensar. 

- Mais uma água com gás, senhor?
- Sim. Tem bicarbonato também?

A bem da verdade a imprensa regional vive uma crise sem precedentes, inaugurada com o fim do longo período de hegemonia partidária na principal cidade polo. 

Em Ipatinga, o PMDB, que sucedeu o PT no governo em 2005, gerou um fenômeno peculiar, tratou de ingerir na linha editorial dos meios, supostamente “tomada por vermelhos”, como ouvi de um assecla. 

E usou para isso uma ferramenta infalível: verbas publicitárias. Enquanto abria os cofres para um, liberava migalhas para outros e mantinha a promessa nunca cumprida de sempre aumentar a fatia do bolo.

O partido que sucedeu o PMDB, por sua vez, o grupo do PPS (antes com forte influência do clima de delegacias policiais) gostou dessa faceta, a da ingerência sobre o que se publicaria ou não, e da concentração de verbas publicitárias em um ou outro meio. Quando saiu de campo o “grupo delegatício”, o jogo estava tão perdido que o homem simples e trabalhador estava insuportável aos olhos da plebe. 

Merece um estudo de caso de erro de estratégia de comunicação, a velocidade como a imagem de um sujeito bom foi transformada na imagem de um traste, sem necessariamente ser um traste. 

- Vai mais água?
- Duas!

A quem o jornalista pode recorrer? Ao Ministério Público que sequer dá conta da complexidade que lhe chega diariamente? Ao inoperante sindicato dos jornalistas, que só sabe cuidar de assuntos correlatos aos jornalistas da capital? Ao Conselho Regional de Jornalismo, que inexiste? Aos leitores, ouvintes e telespectadores, que sequer conseguem se lembrar em quem votou na última eleição? Aos blogs? Ao Chapolim? 

- Mais água?
- Obrigado, feche a conta. 
Para fechar o boteco e abrir a semana

  

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