Tema para a próxima pauta

Modificado às 21h40 de 27 08 2012

"Fanatismo, histeria e bestialidade dos torcedores em torno do futebol" - esse será o tema de uma entrevista com algum psicanalista, antropólogo, sociólogo ou filósofo, nos próximos dias.

Merece uma reflexão especializada, essa mania que o povo tem de sofrer, gritar, agredir, acelerar absurdamente pelas ruas, colocando vidas em risco, disparar fogos de artifício e escrever palavrões "inxingáveis" nas redes sociais em nome de uma suposta paixão pelo futebol em um dia de jogo dito "clássico".

Acredito que o homem volta ao estado de natureza diante de uma disputa futebolística. Digo futebolística e não esportiva, porque pra mim futebol deixou de ser esporte. É negócio. E negócio atrelado ao que há de pior no comportamento humano, a corrupção e a ganância.

Pois sem levar isso em conta, os torcedores adotam princípios antropofágicos e se esquecem, até, que a existência de sua equipe do coração pressupõe a necessidade da existência de outra equipe, ou outras equipes.

Foto: Renato Cobbuci - Jornel Hoje em Dia BH - Torcedores do Cruzeiro enfrentam a polícia em dia de jogo contra ao Atlético

Copiar e colar - está fácil demais

Certa vez perguntaram ao José Hamiltom Ribeiro, no meu entendimento um dos maiores repórteres do Brasil, qual a melhor matéria que ele já tinha feito. Ele pensou segundos e respondeu: "a que ainda será feita". Disse o jornalista que não é fácil, ao longo da vida de um repórter classificar assim o seu trabalho, qual a melhor, qual o pior.

Eu lembrei dessa prosa do Zé Hamilton, depois que avaliei o quão fácil é manter no ar uma página noticiosa. Sem contratar jornalistas, fotógrafos, redatores, revisores ou diagramadores, as empresas - muitas delas até integrantes de redes - negociam com apenas um profissional, fingem que pagam a ele um salário (muitas não cumprem nem o piso da categora, hoje em torno de míseros R$ 1.400 mensais)  e o sujeito finge que trabalha.

Por trabalho, neste caso, entenda-se o ato diário de abrir sites de jornais, rádios até concorrentes, selecionar, copiar e colar na página da empresa em que trabalha notícias já publicadas. Como consolo inserem um "fonte: xxx" no rodapé da página.  É um comportamento pornográfico. 

Não digo de um texto apanhado vez ou outra, com um assunto pertinente e de amplo interesse do público local, ou regional. Isso é compreensível, embora não justificável. Todo jornalista tem condições -  ou deveria ter - de produzir seu próprio texto e conduzir sua própria apuração.

Eu estou a criticar o trabalho sistemático de copiar o resultado do esforço dos outros e colar descaradamente dezenas, centenas de textos e fotos produzidas pelas escassas equipes que ainda existem nas redações. 

Acredito que o fim dessa cachorrada só chegará quando os autores das matérias copiadas descaradamente encontrarem o caminho da Justiça e começarem a pedir indenização pelos seus textos, publicados em veículos diversos sem sequer citar os seus nomes.

O fato é que cada texto, cada matéria, cada notícia, é resultado de um trabalho de pensar, conhecer e executar. E ver isso espalhado por todos os lados, de forma gratuita, gera uma sensação de ter sido roubado. Portanto, avante para os tribunais. Já era tempo.

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