Um dia para não sair de casa

 Não é possível compreender onde vamos chegar, se nada for feito para controlar o trânsito. Aliás, sabemos sim. Os seguros vão ficar mais caros, as filas no Pronto Socorro ficarão maiores e os afastamentos do trabalho vão prejudicar cada vez mais a produção.

A crise na educação, nas salas de aula, reflete também no trânsito, onde gentileza, preferência, limites e respeito parecem não ter mais significado algum para a maioria. É preciso concordar com uma fala que ouvi certa vez. “O problema é que eles querem tirar carteira de habilitação sem nunca terem lido um livro sequer”.

É impressionante o que se vive no trânsito. Vejamos um resumo da quarta-feira. Logo cedo, fazia uma caminhada pela calçada da avenida JK, em direção ao Parque Ipanema para uma breve corrida, quando uma senhora, a bordo de um Fiat Uno vermelho atravessou abruptamente na minha frente e parou no estacionamento de uma casa de produtos agropecuários. Vai ver que ia comprar feno, para uma equina, que certamente estava ao volante. Saltei de susto para não ser atropelado na calçada.

Na ida para o trabalho, via centro de Ipatinga, o condutor de um carro na avenida Macapá, freou bruscamente e, sem dar seta, convergiu à direita. O carro que ia imediatamente atrás dele raspou a traseira e o imbecil quase perdeu o controle e, por pouco, não foi em direção a uma calçada cheia de gente. Nem parei para ver o quiproquó entre os dois.

 
À noite, voltava para casa quando o condutor de Ford Fusion Branco, parecendo uma árvore de natal de tanto led, converge à minha frente cantando pneus em alta velocidade sentido ao bairro Iguaçu, pegando uma das alças do trevo do Ipatingão.

Minutos depois, perto do Posto Faisão no bairro Veneza, num lance daqueles de relampejo, um motociclista me entra fechando o raio da curva. A saída para não bater nele foi enfiar o pé no freio.

Imperícia? Imprudência? Falta de urbanidade? Será o que anda a ocorrer com os condutores? Que papel têm os centros de formação na atualidade? São questões inquietantes para as quais não devem aparecer respostas tão cedo, senão uma lápide no cemitério ou estatística que vira matéria de fim de ano em jornal.

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