Pesquisas não definem votos

Trata-se de um erro estratégico a decisão da assessoria jurídica da candidata à prefeitura de Ipatinga, Rosângela Reis, em pedir a impugnação da publicação do resultado de uma recente pesquisa de intenção de votos. Alegou a candidatura que há, no arcabouço do trabalho de campo, perguntas que induzem os eleitores a associarem o nome de Rosângela Reis ao secretário Extraordinário de Gestão Metropolitana, Alexandre Silveira.

Disse a assessoria da candidata, na ação ingressada na Justiça Eleitoral, que essa vinculação de imagens “poderia resultar” em prejuízos irreparáveis às suas pretensões, “vez que o Sr. Alexandre Silveira possui, atualmente, enorme rejeição eleitoral no município de Ipatinga”.

Fraquinha essa assessoria da nobre candidata. Além de ter dado munição para o inimigo, arrumou um argumento fajuto para impedir a divulgação da pesquisa, cujo foco principal, segundo a empresa Práxis, era aferir a intenção de voto do eleitorado na primeira semana de setembro. A pesquisa estava pronta para ter o resultado publicado nesta terça-feira, 4 de setembro. 

A apuração do que pensa o eleitor dos candidatos com seus respectivos apoios ou vínculos de imagem (Cecília/Chico Ferramenta), (Rosângela/Alexandre), (Jésus/Quintão), era uma questão secundária, que vinha no fim do questionário.  Por isso, a alegação é um erro. 

Mas não é só isso. Há algum tempo li o resultado de um projeto aprovado no Centro Interdisciplinar de Pesquisa (CIP), da Faculdade Cásper Líbero sobre “A publicação dos resultados de pesquisas eleitorais e sua influência na intenção de voto para as eleições presidenciais de 2010” e cujas conclusões se aplicam ao caso em tela.

A autora do estudo, Genilda Alves Souza, que também apresentou a tese de mestrado “A Conotação dos Dados Estatísticos pela Mídia Impressa”, lembra que em 1994, o Instituto Datafolha fez uma pesquisa na cidade de SP, sobre a influência das pesquisas eleitorais na decisão do voto. 

Os resultados encontrados mostraram que 81% dos entrevistados nunca definiram ou mudaram de voto por causa das pesquisas eleitorais. Os que admitiram a  influência das pesquisas na mudança de voto foram 19% dos eleitores consultados. É esta parcela dos eleitores que poderiam optar pelo “voto útil”,  isto é, o voto dado a certo candidato porque  ele está na frente (efeito “bandwagon”). 


A trazer o caso para a realidade de Ipatinga, onde o índice de indecisos apontado na última pesquisa estava na casa dos 16%, os efeitos de uma divulgação indicando a liderança da chapa concorrente jamais mudaria um resultado cuja consolidação nas urnas é iminente. 

Desta forma a conclusão é que a assessoria da candidata perdeu tempo, dinheiro, focou no culpado errado pela sua derrocada e municiou o inimigo com mais um argumento, o do medo da derrota, ou da condenável censura. 

Comentários

  1. Mande para a coordenação de campanha, tão precisando de informações assim. bom artigo, amigo., Marcos.

    ResponderExcluir

Postar um comentário