Abrem-se as urnas, calam-se muitos

O resultado da eleição neste fim de semana no Vale do Aço deixa algumas lições importantes.

A primeira delas é que uma liderança que se impõe, usando como base o poder econômico, pode ver seu império ruir como pilastras de areia na beira do mar.

A liderança tênue de Alexandre Silveira, cujos problemas começavam com erros estratégicos na assessoria de comunicação e iam além dos acordos de bastidores não cumpridos com aliados, ruiu de vez. Perdeu apoiados de Caratinga ao Vale do Aço.

A antiga liderança política de Sebastião Quintão, ainda considerada por muitos em Belo Horizonte, praticamente inexiste no Vale do Aço.

A cena do ex-prefeito Chico Ferramenta, dando autógrafo com uma caneta azul na camisa branca de admiradores, na Praça Cê Que Sabe, ao fim da carreata no sábado, 6, dá mostras de como o povo vê e trata com idolatria alguns políticos. 

As empresas que pesquisam opinião pública e intenção de votos terão que repensar o refinamento de suas apurações, sob pena de um descrédito total. Muitas já ruíram por vender resultados pouco afeitos à realidade e outras vão pelo mesmo caminho. 

Subestimar o poder de mobilização de determinados grupos políticos é uma receita certa para a derrota. Um caso gritante foi o de Coronel Fabriciano, que virou o resultado na última semana de campanha. E o combustível para esse embalo foi justamente uma pesquisa que apontava a liderança do candidato adversário. 

Timóteo não pode ser exemplo nestes termos, porque lá o resultado da eleição está inevitavelmente atrelado à junção de forças de antigas lideranças, como os ex-prefeitos Lelé e Geraldo Nascimento.

Ipatinga já está muito claro que o resultado é um saudosismo de uma época em que a cidade funcionava melhor, com a proposta petista. Os sucessores conseguiram piorar tudo desde 2005.

Outra conclusão, também um tanto óbvia, mas evidenciada neste capítulo é que a briga entre os dirigentes de alguns veículos de comunicação não passa de uma luta por fatias publicitárias. O interesse da comunicação pública de qualidade passa ao largo e longe das redações e dos jornalistas, de fato.

Outra observação importante é o engajamento de alguns colegas, jornalistas, que decidiram apoiar abertamente lados na briga eleitoral. Nunca antes na história da comunicação no Vale do Aço se viu isso.

Se o alinhamento no nível empresarial já é uma afronta à liberdade de expressão, à comunicação de interesse público, então o alinhamento de profissionais lança a atividade na mais deplorável das situações.

Mas o fato é que as eleições acabam para muitos. A maioria começou a segunda-feira com uma cara de feriado. E outros, anunciam a caça às bruxas. No perde e ganha, muitos passarão fome pelos próximos quatros anos, enquanto outros se fartarão no banquete. 
Fonte: Diário do Aço 


Comentários

  1. Fantásticas essas quatro últimas linhas meu amigo. Simplesmente fantásticas.

    ResponderExcluir
  2. Para Cármen Lúcia, mineira de Montes Claros, ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), vários candidatos correm risco de não tomar posse, mesmo com o resultado das eleições neste domingo. Em entrevista nesta sexta-feira, ela disse esperar que os eleitores levem em consideração as "conseqüências" de optar por candidatos "ficha suja". Ainda estão sendo questionados na justiça os cônjuges, filhos, sobrinhos e outros parentes que foram colocados na disputa diante da impossibilidade de alguns candidatos concorrerem, como aconteceu em Ipatinga, em que o ex-prefeito Francisco Carlos Chico Ferramenta Delfino (PT) lançou sua mulher, Cecília Ferramenta.

    ResponderExcluir

Postar um comentário