Andar por aí é um risco


Uma das coisas boas de se voltar a fazer a página de polícia, se é que pode ser considerada boa, é que voltamos a temer.  Temer pela segurança, pela possibilidade do crime que anda perto de todos. 

Matematicamente temos 35% de possibilidade de sofrermos um assalto a mão armada, a cada vez que andamos em determinadas Zonas Quentes de Criminalidade (ZQCs) em uma cidade como Ipatinga. 

Na sala de operações do 14º Batalhão e das Companhias da PM podemo ver mapas com as tachinhas vermelhas (que indicam ZQCs) em vários pontos da cidade. O Centro, o Parque Ipanema, algumas áreas do Cidade Nobre, Planalto II, Bethânia, Esperança, Bom Jardim, entre outros, estão entre os locais marcados. 

Quando apenas lemos noticiário da área de segurança pública, o olhar é o mesmo do cidadão que, da sua mesa de café da manhã, ou sofá, no começo da noite, lê placidamente as notícias. 

O outro olhar é o do jornalista que apura, ou edita, o noticiário. É como se nas entrelinhas estivessem colocadas as informações que não devem ser tituladas.

“O público é sensível para ver isso de manhã”, alega o senso comum. Vai ver que o público gosta mesmo é de fazer de conta que sabe, fazer de conta que se preocupa e fazer de conta que acha assustadora a onda do crack. 

Mais um homicídio, mais um tiro, mais um roubo, mais um furto, mais um corpo preso em meio às ferragens e as estatísticas sobem sem parar. É assim que a dor de uma família que perdeu um filho para o tráfico de drogas vira um número frio, na estatística ou “balanço” de fim de ano.

- Nossa, que absurdo! Foram mais de 40 mortes este ano?

Já ouço a voz recorrente quando sair o “balanço do crime em 2012”.
Recorte de foto de Vander Andrade - Projéteis apreendidos com arma que segundo o autuado conseguiu com a troca por uma bicicleta velha

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