Um sujeito de barba grande, cabelos raleados na cabeça,
um cachimbo de marinheiro e de comportamento sereno despertou minha atenção nas
minguadas férias entre janeiro e fevereiro.
Uma das boas coisas do ócio criativo é a conversa
descompromissada, mas que, na verdade, resulta em aprendizados interessantes.
Seu Alberto, como se apresentou, lia um grosso livro em
inglês, sobre o desempenho da economia alemã sob o regime nazista. “Gosto
destas avaliações, não hollywoodianas”, brinquei.
- Ah, meu jovem, aquelas são estórias. ‘The history’ você
encontra é nos livros, respondeu.
Mas não foi este o assunto principal. Não quis falar sobre
economia, matéria que o nobre senhor domina bem, afinal, tratava-se de um economista
aposentado da Petrobrás, que carrega a experiência de um viajante do mundo.
Falamos sobre banalidades “ao léo”, por assim dizer, e chegamos
a constatações dele sobre viagens. Os chilenos e os argentinos sabem receber
muito melhor do que os brasileiros, os turistas.
- “Ainda bem que eles não têm clima tropical e praias
como as nossas”, brincou o amigo.
Sobre coisas comuns das quais gostamos, como ciclismo,
camping e contemplação da natureza, outras constatações. “Não adianta insistir,
pois as pessoas têm uma tendência natural em rejeitar coisas que desconhecem”,
enfatizava.
Explicava a ele que há algum tempo decidi não falar mais sobre
temas assim com pessoas que desconhecem determinados estilos de vida.
“É que cada coisa tem o seu lugar e sua técnica. Sem o
conhecimento necessário a prática pode resultar em experiências desagradáveis,
que têm efeito multiplicador”, observou.
Desta forma, é muito fácil encontrar quem abomine acampar
sem nunca ter entrado em uma barraca de camping ou repulse a ideia de ir de um
lugar a outro montado em uma bicicleta. Fácil é acelerar um carro. Ou entrar em
um ônibus.
Pois é. Como bem recomenda o velho Alberto, o silêncio
pode ser a melhor saída para quem não quer perder tempo em explicar o que nem
todos estão dispostos a entender.
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