"Já fomos muito enganados"


Quando ainda era criança, me lembro bem, havia um recurso que se vendiam para quem tinha TV em preto e branco. Era um plástico, uma placa resinada, com múltiplas cores. Colocada na frente da TV, dizia-se que a pessoa assistia a uma TV em cores. Ridículo.  Enganação. Ao lembrar-se deste fato, um colega jornalista com quem compartilhava da companhia em uma viagem recente concluiu. "É prezado, já fomos muito enganados". De fato.

Também  nos fizeram acreditar que o Brasil era o país do futuro, do petróleo abundante e autossuficiente. Acreditamos. E hoje pagamos um dos maiores preços pela gasolina e diesel no mundo. 

Também nos enganaram muitas vezes quando anunciaram que pavimentariam a MG-760, duplicariam a BR-381, construiriam no Vale do Aço uma universidade pública. Quantos se elegeram sob estas bandeiras? Tudo enganação. 

E nos enganaram quando nos convenceram que Che Guevara era herói. Como pode ser herói, quem mandou matar dezenas, talvez, centenas de pessoas, só porque discordavam de suas ideias e as propostas de seu grupo? 

Enganaram-nos mais ainda quando nos convenceram que Cuba era um lugar avançado, na medicina e que detinha um sistema de educação invejável e que o regime socialista era o melhor do mundo. Mentira. Todo socialismo só sobreviveu a custa de sacrifício de vidas, censura e subserviência. 

Por ocasião da passagem da jornalista e blogueira cubana Yoani Sánchez, ícone da luta pelo fim da ditadura castrista na ilha, debates acalorados tomaram conta do cenário político brasileiro, onde o regime ditador encontra ferrenhos defensores. 

Uma das conclusões mais sábias que li afirma o seguinte: “O regime cubano representa no ideário dos mais velhos uma utopia, um sonho que eles se recusam a entender como inviável e natimorto. Por outro lado, é também símbolo de uma resistência, da luta de um pequeno para sobreviver diante da imposição de um gigante, dado o embargo econômico dos Estados Unidos contra Cuba, que vigora desde 1962 como retaliação ao regime socialista”.
Foto: Clever Ricardo Chinaglia -  17 de março de 2011 in La Habana Vieja, La Habana, Cuba. A capital já foi uma das mais belas cidades do mundo. 
Aliás, o embargo é uma teimosia idiota. Assim como é igualmente idiota a manutenção do regime ditador  castrista. Os dois imbróglios forçam milhões de cidadãos a viverem na miséria (exceto os amigos do regime) ante um mundo que evoluiu e gerou oportunidades para que muitas pessoas, nos regimes democráticos, alcançassem o seu lugar ao sol. 

A própria cubana resumiu a questão ao afirmar que, mais do que a gritante ingerência de um país sobre outro, o embargo é utilizado pelo governo cubano para justificar seus problemas econômicos e a repressão política sobre os cidadãos da ilha.

“Minha posição sobre o embargo norte-americano é que deve terminar já, o quanto antes. Não é apenas a minha posição de agora, mas a de sempre. Não funciona mais. A ideia original era criar uma situação em que os cubanos fossem às ruas protestar contra o governo. Isso foi um fracasso. O que acontece, hoje, é que o embargo é a razão fundamental para que nosso governo não explique seu fracasso econômico e a repressão política. Quero que o embargo acabe para ver como o governo cubano vai se explicar”, respondeu.

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