Incríveis paradoxos locais

Tem coisas dos bastidores da imprensa no Vale do Aço que são, no mínimo, cabulosas. Não estou aqui a entrar no âmbito dos negócios da comunicação, porque não sou dono de nenhum veículo. Isso não faz parte do meu mundo. 

Aliás, um dos erros das faculdades de comunicação é não alertar aos seus estudantes que veículo de comunicação é uma empresa como qualquer outra, envolve o capital financeiro, investimentos, gera empregos, paga impostos e, como toda empresa, requer lucros para os investidores e, principalmente, para sobreviver. Intrínseca ao seu produto está a imaterial credibilidade, tênue, mais frágil que uma lâmina de cristal. 

Mas, a minha referência no artigo de hoje é o operacional da comunicação. Incrível que um sujeito que em um dia aparece cobrando liberdade de imprensa no Comitê Rodrigo Neto - formado por jornalistas para cobrar a apuração da morte do repórter Rodrigo Neto - seja o mesmo que dias depois reprime uma jornalista que trabalha em um jornal que divulgou uma notícia sobre o caso, que não interessava ao seu assessorado. 

Desconsiderou, inclusive, o fato que a decisão de publicar ou não uma notícia não é da competência de um repórter, mas dos seus editores, ou diretores da empresa. 

Existe uma coisa importante que estudamos na comunicação, que se chama “gerenciamento de crise”. O paradigma disso reside no fato de que quanto mais se esconde uma crise, maior ela se torna. O nobre colega não teve competência - ou racionalidade suficiente - para gerenciar a crise que envolvia seu assessorado e quer agora  repassar a responsabilidade pelo estouro a um concorrente. Contra fatos tão gritantes não há argumentos.

O jornal em que o colega trabalha – e do qual é diretor/sócio/editor - deveria ter sido o primeiro a publicar um desmentido - já que como assessor - queria insistir que era inverídica a informação que o presidente do Legislativo, Werley Araújo, estava entre os policiais civis presos por suspeita em envolvimento nos crimes de execução no Vale do Aço. 

Mas em suma é isso. Notícia é o que o jornalista entende que é notícia e o colega integrante do Comitê Rodrigo Neto tem mais é que diferenciar bem os seus papéis, de jornalista e de assessor. E, principalmente, respeitar a decisão de outro colega - ou colegas – em publicar alguma coisa, ainda que isso fira sua posição como assessor.

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