Quem já usou o Google Earht ou o Google Maps entende a charge. Lembro-me de um idoso, proprietário rural da região do Caparaó, indignado quando descobriu que sua propriedade podia ser vista pelo Earht.
"Mas quem deixou essa gente tirar retrato de minha casa?", indagava ele a um grupo de jovens trilheiros, que traçavam uma rota rural no entorno da Serra do Caparaó.
Pois é. No tempo em que tudo fica visível aos olhos do mungo é assim mesmo. Não pede licença, enfiam o pé na porta, registram tudo e expõem aos olhos de todos. Bons tempos aqueles em que as pessoas eram capazes de assistir a uma obra, como 1984 (Orwell, George / Companhia das Letras).
1984 é o derradeiro romance de George Orwell. Na história, o personagem vive aprisionado na engrenagem totalitária de uma sociedade completamente dominada pelo Estado, onde tudo é feito coletivamente, mas cada qual vive sozinho.
Ninguém escapa à vigilância do Grande Irmão, a mais famosa personificação literária de um poder cínico e cruel ao infinito. Parece apocalíptico, conspirador, mas não é este o caminho que segue a humanidade no século XXI?
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