Texto com atualização em 23/08
É preciso voltar um pouco no tempo para entender por que o contorno rodoviário da BR-381 ficou sem alças, isolou duas cidades do Vale do Aço, e hoje expõe a riscos a vida das pessoas que usam acessos clandestinos, a ponto de chegar a circunstâncias trágicas, como a que envolveu o médico ortopedista Geraldo Coelho e a agente de viagens Rosângela Prado.
É preciso voltar um pouco no tempo para entender por que o contorno rodoviário da BR-381 ficou sem alças, isolou duas cidades do Vale do Aço, e hoje expõe a riscos a vida das pessoas que usam acessos clandestinos, a ponto de chegar a circunstâncias trágicas, como a que envolveu o médico ortopedista Geraldo Coelho e a agente de viagens Rosângela Prado.
O ano era 1997.
Uma audiência publica no Clube Campestre, no bairro Timirim, colocou em debate
a construção de um tal contorno rodoviário. Era uma estrada nova, para tirar de
dentro do distrito de Cachoeira do Vale (Timóteo) e dos bairros Todos os
Santos, Bom Jesus e Caladinho (Coronel Fabriciano), o tráfego da saturada
BR-381.
Nessa audiência foi apresentado ao Vale do Aço um projeto
grandioso, com três pontes enormes sobre trechos urbanos destas cidades, a
estrada de ferro Vitória-Minas e o rio Piracicaba.
Logo na abertura os técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) avisaram que a obra era do governo federal, delegada ao governo de Minas Gerais, para ser acompanhada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Trabalhávamos, naquela época, na reportagem da Rádio Itatiaia Vale do Aço e multipliquei a voz daqueles que defendiam que as pontes da nova estrada usassem estrutura metálica da Usiminas Mecânica.
"Temos tecnologia de ponta para isso, para que fazer ponte em concreto?", diziam os defensores da empresa e dos valores locais. A verdadeira bandeira a ser defendida, entretanto seria outra, a da inclusão das pessoas, como vieram nos provar os anos seguintes.
Logo na abertura os técnicos do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) avisaram que a obra era do governo federal, delegada ao governo de Minas Gerais, para ser acompanhada pelo Departamento de Estradas de Rodagem (DER).
Trabalhávamos, naquela época, na reportagem da Rádio Itatiaia Vale do Aço e multipliquei a voz daqueles que defendiam que as pontes da nova estrada usassem estrutura metálica da Usiminas Mecânica.
"Temos tecnologia de ponta para isso, para que fazer ponte em concreto?", diziam os defensores da empresa e dos valores locais. A verdadeira bandeira a ser defendida, entretanto seria outra, a da inclusão das pessoas, como vieram nos provar os anos seguintes.
E a voltar à audiência no Clube Campestre, digo que foi uma cena
marcante. Um grupo que representava Coronel Fabriciano, liderado pelo então
prefeito, Chico Simões (PT), bradava por compensações. Temiam que haveria a falência
da rede de comércio instalada ao longo da avenida Presidente Tancredo de
Almeida Neves, o antigo trecho urbano da 381.
No grito, o
município de Fabriciano teve a garantia da construção da ponte do trevo do bairro Alegre. Era
uma compensação para o comércio fabricianense, facilitar que os timoteenses
acessassem com mais facilidade o centro da cidade vizinha. Com isso, calaram-se
quanto a acessos.
Já o grupo que
representava Timóteo pouco reivindicou na audiência. Os representantes do
governo Anchieta Poggiali (PSDB) aceitaram passivamente os argumentos que a rodovia nova
não teria interseções, "por questão de segurança". A obra foi
inaugurada após seguidas paralisações na construção pela construtora Barbosa
Melo.
Foto: Wellington Fred - o fatídico acesso clandestino da BR-381 no bairro Mangueiras, em Coronel Fabriciano |
O que os
representantes dos dois grupos não imaginavam era que a população dos dois
municípios não aceitariam um isolamento criado pelo projeto da estrada.
Quando foi
aberta, a via rápida de tráfego para a cidade polo, Ipatinga, foi um atrativo
para que a população criasse alternativas de acesso.
Surgiram, assim,
os fatídicos acessos improvisados do contorno rodoviário. Sem qualquer
engenharia, fechados e reabertos por várias vezes, são armadilhas para entradas, saídas e travessias deste trecho da
"rodovia da morte", que embora inaugurado há aproximadamente uma
década, já nasceu saturado, com pistas simples.
E os acessos
ilegais ao longo do contorno se multiplicam na proporção em que cresce a frota
de veículos e o interesse de mais gente ir de um lado para o outro. Os órgãos
governamentais já os fecharam, mas sempre são reabertos.
E o fato é que, a
cada promessa descumprida de políticos que foram a Brasília reivindicar a
construção das alças bem projetadas, mais uma cruz é fincada para lembrar mais
uma vítima.
Parabens pela materia. Gestao incompetente é que deve ser culpada por essas perdas.
ResponderExcluir