Rico,pobre,rico

Enquanto o foco da cobertura midiática mirava o papa Francisco, de 23 a 27 de julho, uma notícia passava meio despercebida nos bastidores da economia brasileira.

“Eike Batista, que chegou a ser o oitavo homem mais rico do mundo, não é mais um bilionário”, informou a Agência Estado, a citar como fonte o Bloomberg.

A fortuna do empresário foi estimada (no dia 18/07) em US$ 200 milhões. “É um tombo e tanto para quem tinha, em março de 2012, US$ 34,5 bilhões”.

Eike chegou a declarar que ultrapassaria o mexicano Carlos Slim, "pela direita ou pela esquerda", e se tornaria o homem mais rico do mundo.

As empresas do grupo EBX enfrentam uma crise de confiança que derreteu o valor de suas ações na Bolsa.
Eike Batista - Foto: Jonathan Alcorn / Bloomberg

A agência de notícias Bloomberg relatava que Eike deve ao menos US$ 2 bilhões na pessoa física e US$ 1,5 bilhão ao Mubadala, fundo de desenvolvimento de Abu Dhabi.

O empresário pagou, recentemente, R$ 500 milhões ao Mubadala e renegociou os R$ 1,5 bilhão restantes em sete anos.

A derrocada de Eike começou quando a produção de petróleo da OGX decepcionou. A empresa foi obrigada a reconhecer que todas as suas previsões estavam equivocadas e a desistir de explorar vários de seus campos.

A petroleira era a mola propulsora de várias das companhias X, como o estaleiro OSX. A queda da OGX acabou arrastando todo o império.

Eike fechou uma parceria com o banco BTG Pactual, de André Esteves, para tentar reestruturar o grupo. Mas o processo acabou se transformando numa liquidação de ativos.

O empresário colocou à venda praticamente todos os negócios para honrar suas dívidas. Uma fatia da termelétrica MPX já foi vendida para a alemã E.ON.

A expectativa é que Eike se desfaça em breve de uma participação na mineradora MMX, cujos minerodutos passam por Nova Era, e também do restou de suas ações da MPX.

A OGX está em busca de um sócio que ajude a reestruturar sua dívida. A petroleira tem US$ 3,6 bilhões em bônus no exterior e com a queda de produção, essa dívida se tornou impagável.

Para entender a origem da riqueza de Eike é preciso lembrar, primeiro, do pai dele, o novaerense Eliezer Batista. Ele foi ministro dos governos militares, “e ensinou o filho a não trabalhar e vender ilusões”, afirma um observador da derrocada econômica.

O que o leitor chama de “vender ilusões”, nada mais é do que a atuação no mercado de investimentos de capitais. As pessoas compram ações de coisas que não existem de fato, de olho gordo no futuro das empresas. Às vezes dá certo, às vezes dá muito errado. O problema é que só quando dá errado o negócio vira notícia com ares de escândalo como agora.

Quando dá certo, os bilhões arrecadados em impostos, os empregos gerados e as riquezas ainda mais concentradas passam ao largo do conhecimento público.

Outro leitor da notícia faz a seguinte análise: “Falta cultura para esse jovem senhor. Se ele lesse algo sobre o Barão de Mauá, que construiu um império composto por bancos, indústrias na época em que a escravidão ainda existia no Brasil, talvez ele tivesse outro olhar sobre seu império e seu país”.

Mas, enfim, ainda que tenham sobrado R$ 200 milhões para o ex-milionário, ele ainda poderia aplicar na caderneta de poupança com o mísero 0,5%(de correção monetária) e ainda teria R$ 1 milhão por mês. Não vai passar fome.


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