Na contramão

A semana nem chegou ao fim e já há pérolas de sobra. Na terça-feira vieram me perguntar, por volta do meio dia, se o escândalo de duas ipatinguenses que viajaram para a Espanha, onde estiveram engalfinhadas com o jogador Neymar, seria noticiado pelo Diário do Aço.

- Vai não, respondi.
- Por que? Isso vai bombar, insistiu a pessoa.
- Não quero saber. E fim de conversa.

O caso ganhou repercussão porque a namorada do jogador não teria gostado da “visita” das mineiras.

Esse é um tipo de jornalismo que faz muito sucesso, mas, francamente, deixo essa podridão para colunistas.

Não gastei quatro anos de minha vida, plantado em banco de faculdade, para me tornar um comunicador social e depois produzir esse tipo de “entretenimento” para as pessoas.

O homem levou milhares de anos para evoluir ao ponto que chegamos e as pessoas gastam espaço e tempo, cada vez maior, com futilidades desse nível. A continuar assim, a evolução terá mesmo uma curva de 180 graus.

E também entristece ver jornalista a manifestar encômios a quem publica fofoca da vida privada.  


Outra

Todo fim de ano e também véspera do Dia do Jornalista (7 de abril) ou Dia da Imprensa (1º de junho) é costume de algumas grandes empresas, entidades representativas de classe e até governos promover “almoços”, “jantares”, “reuniões” e, quase sempre, dar brindes a jornalistas.

Com raríssimas exceções é um fingimento só. Salvo uma ou outra empresa o que mais ocorre é um cerceamento, às vezes velado, às vezes muito claro, da informação que o jornalista precisa no dia a dia.  

Jornalista que se preza não quer almoço, sorteio de dinheiro (pasme, mas tem isso também aqui no interiorzão) nem pendrive e outros penduricalhos. Isso quem trabalha sério tem de sobra. Jornalista quer respeito editorial, no mínimo.

Que em 2014 as assessorias “repensem” o seu papel. Deem menos brindes e, em troca, tenham mais respeito ao direito do comunicador. Que também deem menos ligações para criticar, vetar ou reclamar do trabalho de profissionais da comunicação.

Essa é uma verdade dolorida, quixotesca até. Mas eu prefiro ficar na contramão da corrente e saber quanto me custou cada parafuso da cadeira em que me sento para escrever esse artigo.  

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