Os aloprados de direita e os aloprados de esquerda

Um dos legados dos quase 12 anos de governo petista no Brasil é o delinear de dois tipos bem claros de debatedores. Eles são jornalistas, advogados, economistas, professores das séries primárias até doutores, médicos, articulistas, artistas, dentre outros profissionais.

E se dividem em dois grupos bem definidos, os aloprados de direita e os aloprados de esquerda. De um lado estão os aloprados de esquerda. Se definem assim, de esquerda. Para eles o partido no governo está acima de todas as suspeitas. São tão ensandecidos que tratam de tirar de seus líderes até o direito humano de ser falho.

É uma turma para qual o mensalão foi uma "construção da mídia" e líderes como José Genoíno e José Dirceu foram transformados em mártires pela Ação Penal 470, que ficou conhecida como processo do mensalão, apelido dado a um antigo esquema de financiamento de deputados que votavam favoráveis ao governo. Coisa antiga, requentada por volta da de 2002 e que virou escândalo quando foi denunciado.

Um aloprado de "esquerda" é uma coisa difícil de lidar. Trabalhei com um deles e sei do que falo. Com raras exceções, de alguns bem formados no âmbito acadêmico, são pessoas que mantém uma fidelidade canina ao Partido dos Trabalhadores. Outros, até leram Antonio Gramsci mas não sabem diferenciar Adam Smith de Maynard Keynes.

Neste antro, divergir das ideias de pseudoesquerda é ser alijado do processo. Não se assuste se o nome de um desafeto dos pseudoesquerdistas for gritado em carro de som em algum protesto armado por alguma entidade aliada.

Recentemente, um simpatizante do governo chegou a ensejar a uma jornalista, que vive a proferir artigos virulentos contra o que ela entende ser farsa, no governo Dilma Rousseff, que a jovem seja estuprada e abraçada por um tamanduá. 

Com a repercussão à altura da agressão, simplesmente o acusado alegou que sua conta em uma rede social foi invadida. Terminou assim, o escândalo entre o filósofo, professor acadêmico Paulo Ghiraldelli e a apresentadora do SBT, Rachel Sheherazade. Estão aí os nomes para que os interessados no assunto pesquisem.


Cheiro da massa incomoda

O outro tipo de aberração, surgida como subproduto da permanência de um único partido no poder por mais de uma década, é o aloprado de direita. Quanto a este, o povo sofre horrores. Fora do poder político, eles permanecem infiltrados no poder econômico. Detém inclusive grande influencia junto aos formadores de opinião e tentam sempre "vender" a imagem de um Brasil atual bem pior do que realmente está.

Tendem a atribuir ao governo todas as mazelas, ainda que o assunto não tenha qualquer relação com as responsabilidades do Executivo federal. Ganhos sociais, avanços econômicos de classes menos favorecidas?

O aloprado de direita odeia a ideia de dividir o espaço do avião com o povo recém chegado à classe média baixa que agora tem acesso a voos pelo país e viagens internacionais. Também nutre um sentimento de impotência diante dos antigos pobres que, agora, andam de carro e lotam as ruas.  Ainda que veículos básicos, motor fraquinho e, na maioria, de segunda mão.

O aloprado de direita quer a mudança do partido no governo mas não sabe direito quem plantar lá. Mesmo sem a alternativa em mãos, o que importa é atacar. E fingir que corrupção no Brasil é um advento de 2002 em diante. 

O que escrevo, caros amigos, não é tese. Falo sobre coisas que vivencio, escuto e percebo por todos os dias em variados ambientes. É compreensível a diversidade de opiniões, aceitável e até necessário o debate ideológico. Mas, o que quer essa sociedade no século XXI? Aniquilar o outro sem aceitar a alteridade? 

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