Ainda prefiro a infalível interação pessoal

Comecei o ano com uma limpeza profunda nas mídias sociais que uso. Portanto, se você lê este artigo no blog e descobriu que foi deletado, bloqueado, eliminado, excluído, defenestrado, incinerado ou sofreu outro “ado” qualquer, em meus contatos, não se preocupe. Certamente você entrou na lista dos indesejáveis. Pelo menos como contato na internet. Também reduzi a quase zero minhas postagens de fotos e apaguei a maioria dos álbuns.  

No Facebook consta que eu tenho cerca de “800 amigos”. Mentira. A maioria, nunca vi pessoalmente e não podem ser "amigas" pessoas que nunca se viram pessoalmente. Minha interação semanal resume-se a um grupo de 100 pessoas, ou menos, com quem convivo socialmente ou profissionalmente.

Com raras exceções, o que as pessoas fazem nas mídias sociais é bisbilhotar a vida alheia. Entra, revira as fotos, vê o que o outro faz, mas é incapaz de um bom dia, boa tarde, ou boa noite. Nem um “oi” sequer.  

Olhar o outro é algo próprio da natureza humana e pode ser explicado de maneiras distintas, dizem os psicólogos. Uma delas: "o que nos leva a observar as reações alheias é um mecanismo funcional por meio do qual usamos a experiência do outro para validar nossos referenciais, aprender com as punições ou copiar modelos bem-sucedidos".

Instrumento de interação global ou fonte de satisfação de bisbilhotagem da vida alheia?

A psicologia dá a isso o nome de “experiência de vicariância”. Significa fazer a função do outro, substituir. No sentido médico, significa usar da experiência do outro como se fosse a sua, viver uma experiência qualquer por tabela.



O problema é quando sai de cena o equilíbrio e entra a obsessão, uma mania de “vigiar” o que uma determinada pessoa faz ou deixa de fazer. Quando trazemos isso para o ambiente corporativo, então, chega a ser doentio. 

Pior ainda quando surgem julgamentos a partir de uma percepção que pode ser formada em não conformidade com a realidade.



A psicóloga e terapeuta sexual Ana Canosa, diretora-editora da Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana, disse em entrevista à revista Superinteressante que “a geração atual, que é bombardeada por imagens de consumo e de prazer a todo momento, está formando uma sociedade com um comportamento mais voyeurista e mais exibicionista”, afirma Ana.



Cerro as portas para esse mundo. Em busca de um equilíbrio indispensável reabro as cortinas, portas e janelas para o mundo da interação pessoal.

Comentários

  1. É o que sempre ressalto: tremenda utopia sonhar em ter um milhão de amigos conforme alardeia conhecida música. Muito melhor e mais útil é ter poucos amigos que se multipliquem e valham por um milhão deles. Pessoas que ofereçam um ombro, palavras reconfortantes ou outros gestos capazes de fazer a diferença nos momentos difíceis.

    ResponderExcluir

Postar um comentário