Era da superdesinformação

Em frente ao PC, no conforto do ar condicionado e costas encaixadas em cadeiras ergonomicamente perfeitas, ou diante da tela do tablet ou do smartphone, no ambiente da sala, do quarto, ou da varanda, têm surgido grandes especialistas. 

O sujeito pode ser inapto para atravessar uma rua com segurança, mas, no ambiente virtual, ele é especialista em qualquer assunto. De submarino russo a ciências políticas, domina qualquer tema. E opina. E suas opiniões geram outras opiniões. Estamos na era da superdesinformação.

Um dos assuntos prediletos dos "gênios virtuais" do século XXI é a comunicação. Os meios ditos tradicionais são crucificados. Inverdades ganham status de grandes paradigmas. Uma lástima.

No ambiente virtual, uma foto fosca, sem ângulo, sem a mínima informação que a transforme numa narrativa, ganha ares de notícia completa. Quem posta uma foto assim, feita de dentro de um carro em movimento, de um acidente, por exemplo, recebe tratamento de herói. E depois vem uma série de comentários dos tais especialistas em generalidades. 
Reprodução do filme Matrix. No cinema, o virtual e o real coexistiram no mesmo ambiente. Na realidade, a idiotice atingiu níveis nunca antes visto na história da humanidade 
É lamentável que na época da hiperinformação, a “nanoinformação” é que tenha caído no gosto popular. Continuo a acreditar que foto sem apuração dos fatos não seja notícia. Notícia precisa de jornalista, que vá lá. Apure o como, o porquê das coisas.   

Uma notícia originalmente publicada por alguém, verdadeira ou não, é compartilhada, copiada, colada, replicada, pulverizada aos milhões em segundos. Nem o mais nocivo microorganismo biológico já descoberto seria capaz de tamanha propagação. 

No contexto dessa situação, a reportagem “A artilharia política no Facebook”, da revista Carta Capital dessa semana deveria ser lida por todos, gostem ou não do PT. Pesa sobre a revista a acusação de uma linha editorial alinhada com os interesses do governo Dilma Rousseff. Mas, vamos à notícia, que interessa a esse artigo. 

A matéria afirma que “Com quase 100 milhões de usuários no Brasil, a rede social ganha peso no jogo eleitoral e projeta novos protagonistas no debate. Mas, como em toda guerra real ou virtual, a verdade é a primeira vítima”. Vale a pena saber, para que você não seja mais um idiota. 

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