Jogo, fome e indagações

Passava pouco das 11h30 deste sábado, quando eu e o chefe de redação, João Senna dos Reis, decidimos que era hora de estancar o trabalho no jornal e irmos forrar o estômago com um farto almoço. 

Nesta tarde ficaríamos na barrica até o fim do jogo Brasil X Chile, pela semifinal da Copa do Mundo. Estávamos sem previsão do encerramento da labuta, pois, na fase intermediária da Copa, o jogo é decisivo. Com empate, amargaríamos uma prorrogação de 30 minutos e o fechamento do jornal.

Para nossa surpresa, um tradicional restaurante da esquina estava com as portas fechadas. Em dia de jogo, o comércio fechou as portas às 11h. Outros, nem sequer abriram. Pode isso? Não pode, mas foi o que ocorreu.

No restaurante, o jornal entregue na manhã deste sábado jazia embaixo da porta de vidro, cerrada com uma grossa corrente e trancada por um reluzente cadeado.

O plano B era seguir mais adiante e atacar a fome num restaurante mais simplesinho, mas de comida farta. A porta, empoeirada nos mostrou, de longe, que ali também não havia atendimento.
Foto: Wôlmer Ezequiel - torcida em um dos jogos da seleção na 20ª edição da Copa do Mundo
Mais um plano C era ir para a rua Pedras Preciosas, pois um tele entrega de marmitex seria a salvação. Lá, para nossa surpresa, uma lona preta no chão manchada de tinta látex nos indicava que o dono havia aproveitado o “recesso” do dia de jogo da seleção para pintar o estabelecimento.

Bateu um desespero e já pensava em ligar para casa e pedir a preparação de ovos fritos com arroz, feijão, farinha e carne cozida para dois, quando nos veio a ideia e um plano D, a padaria que ainda estava aberta. Inesperadamente, no caminho da padaria encontramos um restaurante da avenida Brasil, ainda aberto.

Entramos afoitos e fomos ao buffet. A salada já raleava de se ver o fundo da bandeja, o arroz já perdia água, o tropeiro estava sem torresmo, o macarrão ao óleo, alho e bacon carecia de uma hidratação e, numa panela de carne ensopada os pedaços pareciam navios no oceano Atlântico. “Vamos fechar às 13h”, já avisou a atendente.

Mas o pouco que restava ainda era suficiente até para mais pessoas, que chegavam que nem gatos pingados. Agradecidos pela única saída encontrada, ainda atacamos o congelador com um sorvete de chocolate. Terminamos a sobremesa, pagamos e voltamos para a redação, abismados com a paradeira geral. Era dia de jogo e o gigante não saiu às ruas.      

Comentários

  1. Pois é, caro Alex. Depois dessas peripécias, faltou só um tiquinho para registrarmos um Mineirazo. Ainda bem, parafraseando o Skank, que bola na trave ou no travessão não alteram o placar. Mas a mesma música lembra que o meio-campo é o lugar dos craques. Por isso, antes do início da Copa, eu vivia a repetir na redação que disputar uma competição desse peso sem um camisa 10 era o mesmo que ir para a caçada sem cachorro. E só agora os iluminados papas da crônica esportiva descobrem essa obviedade. No resumo da ópera, ficou a lição. Nos próximos jogos, o negócio é levar um lanche caprichado ou recorrer ou providencial miojo... E que nossos estelares jogadores não demorem tanto para decidir se obram ou saem do penico, ara!

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