O preço que se paga

Estado da mureta de casa no bairro Caravelas (Ipatinga-MG) entre 21h de 05/08 e as 9h de 06/08 de 2014

“O preço que se paga, às vezes é alto demais”, já disse Humberto Gessinger em “O Preço”, balada romântica dos Engenheiros do Hawaii, de 2005.

Você olha para os painéis eletrônicos de monitoramento da qualidade do ar e lá pisca o tempo todo “Veneza: boa”; Cariru: boa, Cidade Nobre: boa, Bom Retiro: boa”.

Não é o que se parece quando se vai correr no Parque Ipanema às 6h59 e sente que o ar está pesado e desce “arranhando” pelas vias respiratórias.

Também não é o que parece quando passa-se a mão na mureta da varanda de casa. Limpa às 21h de ontem, estava impregnada com uma espessa camada de pó preto às 9h de hoje.

Em 12 horas desceu aqui uma poluição surreal. Imagine o pulmão de quem respira esse ar 24h de primeiro de janeiro a 31 de dezembro?

Como disse o médico cardiologista Lair Ribeiro, em uma entrevista que fiz em 2013 na TV Cultura Vale do Aço. “Toda pessoa que mora em uma região industrializada, paga um preço”.

Mas, então, a qualidade do ar está boa para que, mesmo? Faltam complementos essenciais: “boa para fugir para bem longe”, “boa para te mandar mais cedo para o leito de hospital”, “boa para reduzir sua vida útil”.

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