Urubuzentos

Uma passada rápida pela internet na manhã desta quinta-feira revela uma situação assustadora: piadas mórbidas acerca do trágico acidente com um jatinho, que matou o presidenciável Eduardo Campos (PSB). Nunca antes na história se vilipendiou tanto. E oportunismo, muito oportunismo partidário também. 


Um leitor, igualmente assustado, comentou em uma das postagens que “a internet virou divã para as mais variadas loucuras humanas”. Outro relatava sobre “riscos de um território sem lei”, “terra de ninguém”.

Acidentes como esse, de Campos causa comoção geral. O fato de ser novo, ter família com filhos novos, ser famoso, e candidato à Presidência da República, quase apaga a morte dos outros seis ocupantes do jatinho, afinal, pessoas comuns morrem todos os dias, aos milhares, no trânsito, assassinadas por criminosos, pela polícia que mata ou por doenças nas filas dos postos médicos.
A imprensa internacional também repercutiu a morte do presidenciável brasileiro
Aliás, os escandalosos, aviltantes e rasos comentários acerca do acidente, piadas desgraçadamente de mau gosto e suposições sem qualquer verossimilhança, deixaram de lado outros questionamentos mais inteligentes, como a origem do avião, de propriedade de uma grande empresa de Pernambuco, estado que foi governado por Campos e que detém alguns dos piores Índices de Desenvolvimento Humano do Brasil.

Foi risível ver duas personalidades a comentar sobre a morte e Campos. Dilma Rousseff citou o avô de Campos, Miguel Arraes (ex-governador e ex-deputado federal por Pernambuco), também falecido em um dia 13 de agosto, como exemplo para ela. E o tucano, José Serra, fez louvações em São Paulo sobre o futuro brilhante na política brasileira, para Eduardo Campos. 

Entre tantos textos publicados sobre o tema, o do jornalista político, Valdeci Rodrigues é enfático: “Eduardo Campos era apenas e tão-somente mais um político, já acostumado com os desarranjos que existem no Brasil. Se assim não fosse, ele não teria aglutinado em torno de si uma série de partidos. Essas legendas não embarcariam em nenhum projeto que tivesse como finalidade fazer realmente as profundas modificações que o país precisa”.

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