Cadê a campanha propositiva?

Quem procura saber de propostas de médio e longo prazos para o Brasil e for acompanhar o discurso dos candidatos  em busca de indícios do que será o Brasil dentro dos próximos anos, vai concluir que estará no lugar errado.
 
Uma parcela considerável dos internautas classificou hoje, como UFC, o primeiro debate do segundo turno da eleição presidencial, levado ao ar na noite de terça-feira, 14 de outubro. Os dois candidatos conseguiram desagradar bastante, com os ataques mútuos. Curiosamente, ao entrevistar no dia 6 de outubro, o psicólogo e educador Hudson Miranda e o advogado Denner Franco, que fizeram uma análise do resultado das eleições gerais, ambos encerraram suas falas alertando que os eleitores deveriam esperar um período de muita baixaria na disputa eleitoral.
 
"Cada um ao seu modo, os candidatos irão tratar de desconstruir a imagem do outro. Isso penalizará o eleitor a ter que suportar um período de baixarias", resumiram os convidados do Cultura Entrevista, programa semanal da TV Cultura Vale do Aço.
 
Dito e feito. Não bastassem os ataques no horário eleitoral gratuito, o debate de terça-feira foi uma pancadaria só. Estratégicos, os marqueteiros de Aécio Neves procuraram colocar como narradores da campanha no rádio, locutores com sotaque nordestino. Uma tentativa de criar identidade com o eleitorado nordestino, onde Dilma Rousseff teve expressiva votação no primeiro turno das eleições.
 
Em Ipatinga, um texto de autoria de André Moreira, é um resumo do que foi o debate. "Fato é que, o que vi nesta terça-feira (14/10) mostra o claro interesse de ambas as campanhas em desconstruir a imagem do outro. Dilma tem 46% de rejeição contra 29% de Aécio, segundo último levantamento.
Reprodução Band TV. Candidatos no segundo turno apelam para a baixaria
E Dilma fez o que tinha que fazer, sendo mais enfática, já soltando os cachorros, porque: 1) o tempo lhe é desfavorável; 2) até nas pesquisas internas do PT ela aparece atrás, com 4 pontos -- multiplique por dois a diferença e 3) Aécio está numa "onda" ascendente, desde o resultado das urnas, que pelas novas alianças vai imprimir-lhe mais impulso", analisa.
 
"No entanto, creio que o estoque de acusações dela (Dilma) já foi colocado à mostra, ao passo que Aécio pegou leve, sem ir a fundo em questões como o Porto de Cuba e o conteúdo da delação, o que deixa ainda um amplo leque de reserva em favor de Aécio para a reta final. Desconsiderar a paternidade do Bolsa Família foi um erro da petista, assim como enfatizar atos do passado de Aécio - para eleitores que não se lembram em quem votaram ontem - e que em nada se comparam ao tamanho do rombo atual feito na Petrobrás. Precisamos de mudança, o que neste instante seria muito bom para abrir a caixa preta dos atos sigilosos envolvendo esse amontoado de denúncias", conclui André Moreira.

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